São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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Prefeitura quer mudar zoneamento no Pacaembu

Idéia é permitir que entidade ligada à Faculdade de Medicina da USP implante curso

Associação de moradores do bairro na zona oeste tenta barrar a proposta sob a alegação de que aumentará o tráfego de veículos na área

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL) quer mudar o zoneamento de uma área de 46 mil m2 no Pacaembu (zona oeste) para beneficiar uma entidade privada ligada à Faculdade de Medicina da USP.
A alteração permitirá que a Fundação Faculdade de Medicina implante no local um centro com cursos de especialização, além de um museu, para cerca de 300 alunos. Esse tipo de atividade é hoje proibida pelas regras de zoneamento do bairro de 144 mil m2, 2.300 casas e estritamente residencial.
O centro, segundo a faculdade, deverá entrar em operação em até quatro anos.
Mas a associação de moradores tenta barrar a proposta, sob o argumento de que o trânsito de veículos aumentará no bairro. A prefeitura, por sua vez, tenta um acordo antes de enviar a proposta para ser votada pelos vereadores - o que não tem prazo para ocorrer.
A Secretaria Municipal de Planejamento, que submeteu a proposta à população em 22 de agosto, argumenta que, se o terreno permanecer em área estritamente residencial, perderá a "função social", porque o prédio, um pavilhão de 10 mil m2 entre as ruas Desembargador Paulo Passalacqua e Angatuba, não é adequado para ser um imóvel residencial.
O prédio não pode ser demolido porque é tombado pelo Condephaat, o conselho estadual do patrimônio histórico.
Para a presidente do conselho da Associação Viva Pacaembu, Iênides Benfati, a mudança vai piorar "e muito" a qualidade de vida no bairro. Ela teme, ainda, que o número de alunos que a faculdade estima receber esteja subdimensionado. "Qual a lei que os impede de ter ali 2.000, 4.000 alunos quando quiserem?", questiona.
"Não haverá sobrecarga dentro do bairro. O movimento é por uma rua cujo movimento, de 300 carros por dia, não vai alterar em nada o trânsito", afirmou o médico Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP e presidente do conselho curador da fundação. Ele negou ainda a intenção de expandir o centro para além dos 300 alunos previstos.
Para Cerri, a implantação dos cursos de especialização e do museu é uma forma de preservar o pavilhão do Pacaembu, terreno usado hoje apenas como estacionamento da faculdade. "Não há nada mais legítimo do que manter esse patrimônio em uma instituição ligada à área pública. Se vendermos por R$ 60 milhões o local se tornará um grande condomínio, aí todos perdem", disse.


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