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Prefeitura quer mudar zoneamento no Pacaembu
Idéia é permitir que entidade ligada à Faculdade de Medicina da USP implante curso
Associação de moradores do bairro na zona oeste tenta barrar a proposta sob a alegação de que aumentará o tráfego de veículos na área
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão do prefeito Gilberto
Kassab (PFL) quer mudar o zoneamento de uma área de 46
mil m2 no Pacaembu (zona oeste) para beneficiar uma entidade privada ligada à Faculdade
de Medicina da USP.
A alteração permitirá que a
Fundação Faculdade de Medicina implante no local um centro com cursos de especialização, além de um museu, para
cerca de 300 alunos. Esse tipo
de atividade é hoje proibida pelas regras de zoneamento do
bairro de 144 mil m2, 2.300 casas e estritamente residencial.
O centro, segundo a faculdade, deverá entrar em operação
em até quatro anos.
Mas a associação de moradores tenta barrar a proposta, sob
o argumento de que o trânsito
de veículos aumentará no bairro. A prefeitura, por sua vez,
tenta um acordo antes de enviar a proposta para ser votada
pelos vereadores - o que não
tem prazo para ocorrer.
A Secretaria Municipal de
Planejamento, que submeteu a
proposta à população em 22 de
agosto, argumenta que, se o
terreno permanecer em área
estritamente residencial, perderá a "função social", porque o
prédio, um pavilhão de 10 mil
m2 entre as ruas Desembargador Paulo Passalacqua e Angatuba, não é adequado para ser
um imóvel residencial.
O prédio não pode ser demolido porque é tombado pelo
Condephaat, o conselho estadual do patrimônio histórico.
Para a presidente do conselho da Associação Viva Pacaembu, Iênides Benfati, a mudança vai piorar "e muito" a
qualidade de vida no bairro. Ela
teme, ainda, que o número de
alunos que a faculdade estima
receber esteja subdimensionado. "Qual a lei que os impede de
ter ali 2.000, 4.000 alunos
quando quiserem?", questiona.
"Não haverá sobrecarga dentro do bairro. O movimento é
por uma rua cujo movimento,
de 300 carros por dia, não vai
alterar em nada o trânsito",
afirmou o médico Giovanni
Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina da USP e
presidente do conselho curador da fundação. Ele negou ainda a intenção de expandir o
centro para além dos 300 alunos previstos.
Para Cerri, a implantação
dos cursos de especialização e
do museu é uma forma de preservar o pavilhão do Pacaembu, terreno usado hoje apenas
como estacionamento da faculdade. "Não há nada mais legítimo do que manter esse patrimônio em uma instituição ligada à área pública. Se vendermos por R$ 60 milhões o local
se tornará um grande condomínio, aí todos perdem", disse.
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