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Detran apreende Corsa 96 com R$ 3,4 mi em multas
Dono foi surpreendido ao chegar em casa, na zona sul de SP; veículo irá a leilão
Corsa 96, comprado por um comerciante em 2001, está com licenciamento vencido há sete anos; documento do carro não foi transferido
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Veículo apreendido pelo Detran; entre 2002 e 2008, motorista acumulou multas de trânsito que totalizam mais de R$ 3,4 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
O Detran de São Paulo
apreendeu anteontem um Corsa 96 que acumula R$ 3,4 milhões em multas de trânsito
desde 2001. Com o valor das
multas, é possível comprar 270
carros iguais ao apreendido,
avaliado em R$ 12.600. Ou então 23 veículos do tipo BMW
120i, por R$ 145 mil cada.
O licenciamento do carro está vencido há sete anos, desde
que, segundo o Detran, foi adquirido pelo comerciante Armando Clemente da Silva, 35,
que nunca o transferiu para seu
nome -oficialmente, o carro
ainda pertence à AGF Seguros,
antiga proprietária. Por isso,
Silva jamais pagou multas ou
recebeu pontos na carteira.
Para especialistas, embora
chame atenção pelo valor das
multas -885 até julho, segundo
a Secretaria dos Transportes-,
o caso é só um entre "tantos
que devem existir na cidade".
"Os maus pagadores não são
punidos, e quem cumpre a lei se
sente ludibriado", diz o consultor de trânsito e professor da
USP Jaime Waisman.
Dados de 2007 do Denatran
(Departamento Nacional de
Trânsito) mostram que 1.428
veículos no país tinham mais de
50 multas não-pagas e uma dívida que, somada, ultrapassava
os R$ 15 milhões. O Detran diz
não ter idéia de quantos sejam
os veículos em situação irregular na capital paulista.
O caso foi descoberto há cinco dias por policiais do setor de
fiscalização do Detran, durante
investigação de outra denúncia. Eles montaram vigilância
em frente à casa do comerciante, no Campo Limpo (zona sul),
onde o carro foi apreendido.
"Estamos fazendo levantamento dos veículos irregulares
para elaborar um novo modelo
de cadastramento de veículos",
disse Ruy Estanislau, diretor do
Detran, que reconheceu a vulnerabilidade do atual sistema.
Mais da metade das multas
do Corsa referem-se a infrações comuns, a maioria por excesso de velocidade.
Entretanto, 99,8% dos R$ 3,4
milhões correspondem a multas por "não identificar o condutor" responsável pela infração, penalidade aplicada somente a veículos de empresas.
Funciona assim: a cada vez
que não indica a pessoa que dirigia o carro no momento da infração, a empresa recebe nova
multa, cujo valor é multiplicado pela quantidade de infrações iguais cometidas anteriormente. No caso do Corsa, foram
431 dessas penalidades.
O carro irá a leilão em 90
dias. A prefeitura, credora dos
R$ 3,4 milhões, afirma que irá
acionar judicialmente a AGF.
A empresa, por sua vez, diz
não ser responsável pela dívida.
Alega que solicitou ao Detran o
bloqueio do registro do veículo
em 2004, após receber as primeiras cobranças.
O comerciante, por telefone,
disse que "não há nada" contra
ele e que "não tem do que se defender". Ele questionou: "O
carro está em nome de quem?",
antes de desligar o telefone.
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