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Petróleo cria emprego e favela em Macaé
Base da Petrobras gera trabalhos qualificados e eleva padrão em parte da cidade, mas impulsiona favelização
Migrantes sem emprego vivem sob condições precárias; apesar disso, município é o mais bem colocado do Rio no IFDM
PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ
O rio que dá nome a Macaé
(norte fluminense) e a corta
ao meio também a divide em
duas realidades. Ao norte
avolumam-se os problemas:
falta saneamento, a favelização impera, o comércio é
quase todo informal e o tráfico domina algumas áreas.
Os problemas são agravados pelo inchaço populacional provocado pelo "boom"
do petróleo -o município
concentra a maior base logística de apoio à produção, estocagem e distribuição de
óleo e gás da Petrobras.
Ao sul do rio, a cidade
cresce com a expansão de
empresas fornecedoras da
Petrobras e com a oferta de
novos serviços. A rede hoteleira, por exemplo, triplicou
em cinco anos (só perde, no
Estado, para a da capital).
O município de 200 mil habitantes ganhou ainda imóveis de alto padrão (como um
condomínio da franquia Alphaville), shopping center e
cidade universitária -com
as federais UFF e UFRJ.
FAVELAS
Boa parte da população,
porém, não tem acesso a tal
infraestrutura. A prefeitura
estima que cerca de 35% dela
viva em condições precárias
e sem saneamento básico.
A favelização veio com a
promessa de emprego fácil
no setor petroleiro, diz a prefeita interina, Marilena Garcia (PT). "Eles vêm do Nordeste, do Espírito Santo e de
cidades vizinhas", afirma.
Romeu Silva, doutor em
engenharia de produção pela
PUC-Rio, diz que a favelização iniciou nos anos 90 com
a expectativa de emprego na
cadeia do petróleo. "Mas o
setor exige alta qualificação e
muitos migrantes não arrumaram emprego. Só restou
morar em áreas invadidas."
Outro problema é a violência: a cidade tem taxas de homicídio acima da média do
RJ. Em 2004, a Organização
dos Estados Ibero-Americanos a apontou como a 10ª cidade mais violenta do país.
Apesar dos problemas, o
salto na área de saúde de
2006 para 2007 e a situação
de quase pleno emprego asseguraram à cidade o 11º lugar no ranking do IFDM -é a
única do Estado entre as 15
mais bem colocadas.
O secretário de Saúde,
Eduardo Cardoso, diz que a
previsão é gastar R$ 250 milhões neste ano no setor. O
salário do médico de família
chega a R$ 9.900 mensais.
"É fácil marcar consulta e
receber atendimento. O problema é moradia. Eles [governantes] prometem, mas não
fazem nada", diz Andréa Jones, 31 . Ela vive na favela da
Fronteira, em um barraco à
beira da praia, invadido pela
água em períodos de ressaca.
Para Cliton Silva Santos,
secretário de Desenvolvimento Econômico, a falta de
qualificação da mão de obra
local é a maior restrição, o
que obriga as empresas a recrutarem fora de Macaé.
Outro gargalo, diz, é a infraestrutura, saturada com o
crescimento desordenado. A
Petrobras responde por 98%
do movimento do aeroporto.
O trânsito é caótico com o fluxo intenso de caminhões.
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