São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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Medo agrava incidentes no metrô, diz estudo

Reação de passageiros é citada há 25 anos

DE SÃO PAULO

A reação coletiva de passageiros diante de um problema no metrô é conhecida pela companhia muito antes da paralisação que resultou em pânico e depredação de trens na manhã da terça passada.
Quem busca explicações sobre por que usuários quebraram vidros e fugiram para os trilhos da linha 3-vermelha encontra hipóteses em um trabalho da estatal paulista de 25 anos atrás.
Na época, técnicos da empresa citavam manifestações "de revolta e ameaças de depredações [...] que evidenciam seu desagrado em relação à qualidade do serviço".
Sobre incidentes nos trilhos, diziam: "As reações de medo podem causar ou agravar ocorrências [...]. Em seguida, quando o usuário não se sente mais em perigo, surge o sentimento de revolta, o que torna essas situações-limite próximas da depredação ou quebra-quebra".
As avaliações psicológicas, sociológicas e após pesquisa com 200 passageiros constam de um trabalho que trata do "comportamento de massa" no metrô paulista.

VANDALISMO?
No episódio de terça-feira passada, integrantes do governo do Estado relataram estranhamento com a reação de usuários após um trem ficar parado no túnel.
O Metrô culpou uma blusa presa na porta do vagão, aliada à sinalização do sensor indicando que ela não estaria fechada (problema frequente, segundo operadores).
A interferência foi seguida do acionamento de botões de emergência por passageiros que estavam sem ventilação ou ar condicionado e fuga para os trilhos -que tiveram de ser desenergizados-, provocando um efeito cascata.
O trabalho de 1985 afirma que em situações como "paradas com evacuações de trens em túneis", "além dos sentimentos de isolamento e abandono, afloram outros como medo e princípio de pânico em que a massa [...] tenta escapar do perigo, aciona alças de emergência e quebra vidro dos trens".
Ele aponta para a necessidade de haver avisos claros e rápidos para atenuar as eventuais consequências -a falta de aviso foi queixa de muitos passageiros na terça.
"A demora na comunicação ao usuário provoca um aumento de tensão e desempenha papel positivo na formação do pânico e revolta do metrô. [...] O usuário anseia por receber um aviso que lhe informe principalmente a dimensão do problema."
(ALENCAR IZIDORO)


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