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MEC e alunos ainda amargam perdas de vazamento do Enem
Um ano após a prova ser cancelada por causa de furto, dinheiro investido não voltou ao bolso de prejudicados
Acusados pelo furto e
vazamento do exame
de 2009 estão soltos;
até agora, prestaram depoimento apenas à PF
ANGELA PINHO
LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
Um ano depois do vazamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o
desfecho do episódio está
longe do fim. O governo ainda não recebeu de volta o dinheiro que pagou pela prova
não realizada, os acusados
pelo furto e vazamento do
exame estão soltos e os alunos que pediram a devolução
da taxa de inscrição não terão a devolução do dinheiro.
Após o cancelamento, em
1º de outubro de 2009, o governo rompeu o contrato
com o consórcio de empresas
Connasel, que havia vencido
a licitação para fazer o exame, e realizou uma segunda
prova dois meses depois.
Para a tarefa, foram mobilizados Correios, Forças Armadas e PMs e contratados
Cespe e Cesgranrio, duas entidades que haviam feito edições anteriores do Enem. O
modelo foi repetido este ano.
O consórcio que fez a prova cancelada, no entanto, já
havia recebido R$ 38 milhões
do governo. Em janeiro deste
ano, o Inep, instituto responsável pelo Enem, pediu o ressarcimento do valor. O processo ainda está sendo discutido. Se não houver acordo, o
caso vai acabar na Justiça.
Mas não foi só o governo
que ficou sem o dinheiro pago. No fim de 2009, o Ministério da Educação divulgou
que os candidatos que não
pudessem fazer o Enem na
nova data poderiam pedir de
volta os R$ 35 da taxa de inscrição, cobrada de estudantes de escolas privadas.
Agora, no entanto, o Inep
afirma que é impossível atender aos pedidos dos alunos.
O instituto diz ter ficado
"juridicamente impedido"
de fazer o reembolso porque
o edital do Enem 2009 previa
devolução de taxa de inscrição só em caso de cancelamento, e não de adiamento.
O instituto não divulgou
quantos pediram devolução.
Ainda no Inep há um processo administrativo para
apurar eventuais responsabilidades de servidores no
vazamento da prova. O Tribunal de Contas da União
também investiga se o instituto tem responsabilidade.
"VIDA NORMAL"
Cinco pessoas foram acusadas pelo Ministério Público Federal de participação no
furto e vazamento da prova e
serão ouvidas pela Justiça
em novembro. Até o momento, prestaram depoimento
apenas à Polícia Federal.
Felipe Pradella e Gregory
Camillo procuraram jornalistas para vender o exame. O
advogado de Camillo, Ralfi
Rafael da Silva, afirmou que
seu cliente "mantém sua vida" e vai começar a trabalhar
como DJ em uma boate em
São Paulo. "É claro que ele
sofreu, e ainda sofre, mas o
Gregory tenta viver normalmente", disse o advogado.
Luciano Rodrigues, que
intermediou o contato com
jornalistas, vendeu a pizzaria
da qual era proprietário e
atualmente passa por "dificuldades", de acordo com
seu advogado, Luiz Bezinelli.
A Folha procurou os advogados dos outros acusados,
mas não obteve retorno.
Procurada pela reportagem, a Consultec, que liderava o consórcio Connasel, não
quis se manifestar.
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