São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Jovens procuram "som alucinógeno" em redes sociais

Músicas, ou "drogas digitais", prometem uma sensação semelhante àquela provocada por entorpecentes

Essas "substâncias" poderiam estimular a imaginação ou, ainda, reavivar lembranças de uso de drogas

DIANA BRITO
DO RIO

Computador, fones e disposição para escutar sons desconexos é a combinação que tem atraído jovens a sites e redes sociais que ofertam as chamadas "músicas alucinógenas", que prometem sensações semelhantes as provocadas por drogas.
Na Europa, os arquivos sonoros -vendidos em "doses" de 15 a 30 minutos- são conhecidos há alguns anos como "drogas digitais".
Moradora de Nova Iguaçu, no Estado do RJ, a estudante Renata Ibrahim, 23, diz que as músicas funcionam.
"Tive uns sonhos muito esquisitos", diz ela, que baixou músicas com referências a absinto, maconha e cocaína.
O estudante paulistano R. A., 17, diz que abandonou a prática porque passou a sofrer com dores de cabeça.
"Eu me vi correndo numa floresta sombria", conta.
Vindas dos EUA, essas músicas podem ativar a parte cerebral ligada à memória, o que estimularia a imaginação ou lembranças de uso de drogas, segundo o psiquiatra Jorge Jaber, especialista em dependência química e diretor da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio.
"[A música] Pode desencadear, por exemplo, o desejo de utilizar a droga, mas pode excitar também memórias".
Para Pedro Pereira, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o mais provável é que os arquivos sejam "drogas de mentira, com resultados provenientes de autoindução".
Segundo Antonio Cabral, advogado especialista em direito digital, as "substâncias" não são ilegais e não há comprovação de que viciem.
"A estimulação contínua pode causar alterações a longo prazo, transtornos ou ansiedade", diz o psicopedagogo Hilson Cunha Filho, da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal.


Texto Anterior: Outro lado: Não fizemos nada errado, defende-se investigador
Próximo Texto: MEC e alunos ainda amargam perdas de vazamento do Enem
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.