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Jovens procuram "som alucinógeno" em redes sociais
Músicas, ou "drogas digitais", prometem uma sensação semelhante àquela provocada por entorpecentes
Essas "substâncias" poderiam estimular a imaginação ou, ainda, reavivar lembranças
de uso de drogas
DIANA BRITO
DO RIO
Computador, fones e disposição para escutar sons
desconexos é a combinação
que tem atraído jovens a sites
e redes sociais que ofertam as
chamadas "músicas alucinógenas", que prometem sensações semelhantes as provocadas por drogas.
Na Europa, os arquivos sonoros -vendidos em "doses"
de 15 a 30 minutos- são conhecidos há alguns anos como "drogas digitais".
Moradora de Nova Iguaçu,
no Estado do RJ, a estudante
Renata Ibrahim, 23, diz que
as músicas funcionam.
"Tive uns sonhos muito esquisitos", diz ela, que baixou
músicas com referências a
absinto, maconha e cocaína.
O estudante paulistano R.
A., 17, diz que abandonou a
prática porque passou a sofrer com dores de cabeça.
"Eu me vi correndo numa
floresta sombria", conta.
Vindas dos EUA, essas
músicas podem ativar a parte
cerebral ligada à memória, o
que estimularia a imaginação ou lembranças de uso de
drogas, segundo o psiquiatra
Jorge Jaber, especialista em
dependência química e diretor da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio.
"[A música] Pode desencadear, por exemplo, o desejo
de utilizar a droga, mas pode
excitar também memórias".
Para Pedro Pereira, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), o
mais provável é que os arquivos sejam "drogas de mentira, com resultados provenientes de autoindução".
Segundo Antonio Cabral,
advogado especialista em direito digital, as "substâncias" não são ilegais e não há
comprovação de que viciem.
"A estimulação contínua
pode causar alterações a longo prazo, transtornos ou ansiedade", diz o psicopedagogo Hilson Cunha Filho, da
Universidade Nova de Lisboa, em Portugal.
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