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EDUCAÇÃO
Universidades dizem que, para reduzir ociosidade de vagas, crédito aos estudantes deveria ser de R$ 1,2 bilhão ao ano
Rede privada quer ampliar financiamento
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes de instituições
privadas de ensino superior vão
pressionar o futuro governo a
ampliar o sistema de financiamento estudantil. Os recursos seriam utilizados para que novos
alunos preencham as vagas ociosas do setor, cerca de 31,5%, segundo o Censo Escolar de 2000.
Newton Lima Neto, do PT, e
Maria Helena Guimarães de Castro, do PSDB, receberam as propostas formuladas durante o 4º
Fórum Nacional: Ensino Superior
Brasileiro, encerrado ontem em
São Paulo. Os representantes dos
candidatos convidaram as entidades a participar da comissão de
transição do futuro governo.
Segundo Édson Franco, presidente da ABMES (Associação
Brasileira de Mantenedores de
Ensino Superior), os créditos seriam destinados a cerca de 400 mil
alunos que saem do ensino médio
e não entram na universidade por
falta de recursos. "A conta seria de
mais R$ 1,2 bilhão [ano]", disse.
Ou seja, praticamente o triplo do
que é aplicado hoje em financiamento de estudantes.
Gabriel Mário Rodrigues, presidente do Semesp (Sindicato das
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior Brasileiro
no Estado de São Paulo), diz que
os recursos poderiam vir da ampliação de programas como o Fies
(Programa de Financiamento Estudantil do governo federal), da
abertura de créditos por meio de
acordos com o Banco Mundial, da
utilização de recursos do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e de créditos dos bancos privados.
Desde a sua criação, em 1999, o
Fies já atendeu cerca 224 mil estudantes, com investimentos anuais
entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, mantendo uma média de
64 mil beneficiados por ano.
O plano anterior, o Creduc
(Programa de Crédito Educativo), auxiliava 22 mil alunos por
ano, diz Aurélio Hauschild, diretor do Fies. O atual programa, um
convênio da Caixa Econômica Federal em parceria com o MEC, financia até 70% da mensalidade
escolar. O valor financiado é pago
após a conclusão do curso.
Hauschild afirma, porém, que
não há perspectivas de que o programa seja ampliado, cabendo às
instituições procurarem formas
alternativas de financiamento.
Os coordenadores do Fies atualmente desenvolvem uma pesquisa para identificar os projetos privados de financiamento estudantil. As universidades que possuírem programas de crédito educativo desenvolvidos poderão ser
beneficiadas na distribuição dos
recursos do Fies.
Em 15 dias, estará disponível no
site do MEC (www.mec.gov.br)
uma lista de instituições financeiras que oferecem linhas de financiamento estudantil.
A partir da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de
1996, que permitiu a autonomia
de universidades e centros universitários na criação de novos
cursos, o crescimento da oferta de
vagas no ensino privado, que se
mantinha abaixo dos 10% anuais,
subiu para 12,13% logo de 1996
para 1997. De 1999 para 2000, o
aumento foi de 27,59%.
Atualmente, segundo o Inep
(Instituto Nacional de Pesquisas
Educacionais), são oferecidas 970
mil vagas no ensino superior privado -o cálculo engloba ingressos por vestibular ou outros processos seletivos. Somente 664 mil
delas são preenchidas.
Em 2000, formaram-se no ensino médio cerca de 1,8 milhão de
alunos. E ingressaram na faculdade cerca de 1 milhão.
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