São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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EDUCAÇÃO

Universidades dizem que, para reduzir ociosidade de vagas, crédito aos estudantes deveria ser de R$ 1,2 bilhão ao ano

Rede privada quer ampliar financiamento

LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes de instituições privadas de ensino superior vão pressionar o futuro governo a ampliar o sistema de financiamento estudantil. Os recursos seriam utilizados para que novos alunos preencham as vagas ociosas do setor, cerca de 31,5%, segundo o Censo Escolar de 2000.
Newton Lima Neto, do PT, e Maria Helena Guimarães de Castro, do PSDB, receberam as propostas formuladas durante o 4º Fórum Nacional: Ensino Superior Brasileiro, encerrado ontem em São Paulo. Os representantes dos candidatos convidaram as entidades a participar da comissão de transição do futuro governo.
Segundo Édson Franco, presidente da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior), os créditos seriam destinados a cerca de 400 mil alunos que saem do ensino médio e não entram na universidade por falta de recursos. "A conta seria de mais R$ 1,2 bilhão [ano]", disse. Ou seja, praticamente o triplo do que é aplicado hoje em financiamento de estudantes.
Gabriel Mário Rodrigues, presidente do Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior Brasileiro no Estado de São Paulo), diz que os recursos poderiam vir da ampliação de programas como o Fies (Programa de Financiamento Estudantil do governo federal), da abertura de créditos por meio de acordos com o Banco Mundial, da utilização de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e de créditos dos bancos privados.
Desde a sua criação, em 1999, o Fies já atendeu cerca 224 mil estudantes, com investimentos anuais entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, mantendo uma média de 64 mil beneficiados por ano.
O plano anterior, o Creduc (Programa de Crédito Educativo), auxiliava 22 mil alunos por ano, diz Aurélio Hauschild, diretor do Fies. O atual programa, um convênio da Caixa Econômica Federal em parceria com o MEC, financia até 70% da mensalidade escolar. O valor financiado é pago após a conclusão do curso.
Hauschild afirma, porém, que não há perspectivas de que o programa seja ampliado, cabendo às instituições procurarem formas alternativas de financiamento.
Os coordenadores do Fies atualmente desenvolvem uma pesquisa para identificar os projetos privados de financiamento estudantil. As universidades que possuírem programas de crédito educativo desenvolvidos poderão ser beneficiadas na distribuição dos recursos do Fies.
Em 15 dias, estará disponível no site do MEC (www.mec.gov.br) uma lista de instituições financeiras que oferecem linhas de financiamento estudantil.
A partir da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996, que permitiu a autonomia de universidades e centros universitários na criação de novos cursos, o crescimento da oferta de vagas no ensino privado, que se mantinha abaixo dos 10% anuais, subiu para 12,13% logo de 1996 para 1997. De 1999 para 2000, o aumento foi de 27,59%.
Atualmente, segundo o Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), são oferecidas 970 mil vagas no ensino superior privado -o cálculo engloba ingressos por vestibular ou outros processos seletivos. Somente 664 mil delas são preenchidas.
Em 2000, formaram-se no ensino médio cerca de 1,8 milhão de alunos. E ingressaram na faculdade cerca de 1 milhão.


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