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Presos de Bangu obtêm endereços de agentes
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Os presos de Bangu 3 obtiveram
os endereços de cerca de 70 agentes penitenciários que trabalham
no presídio e passaram a fazer
ameaças veladas a eles durante as
revistas nas celas.
Os endereços dos agentes constavam das fichas funcionais roubadas pelos presos durante a rebelião ocorrida no presídio em
novembro do ano passado, conforme registro feito à época na 34ª
DP (Delegacia de Polícia), em
Bangu (zona oeste do Rio).
Durante a rebelião, os presos
também roubaram carteiras de
identidade, de habilitação e contas dos agentes.
O sindicato da categoria informou ter recebido denúncias de
que agentes estão sendo intimidados pelos presos.
"As ameaças acontecem quando o agente é correto ao cumprir o
regulamento. Ou seja, quando ele
faz vistorias rigorosas, não deixa
extrapolar os horários do banho
de sol e da comida e não deixa o
preso fazer o que quer", disse a vice-presidente do sindicato, Vanda Silva Reis.
Segundo Reis, vários agentes
mudaram de endereço desde novembro. "A gente nunca sabe
quando vai ficar só na ameaça ou
quando vai ser concretizado", disse Vanda.
Há 11 dias houve uma tentativa
de fuga em Bangu 3, seguida de
rebelião.
"Desde dezembro nossas fichas
não ficam mais na administração,
mas fora da unidade, para não
corrermos mais esse risco", disse
o chefe da segurança de Bangu 3,
Nilton César.
Segundo um agente de Bangu 3,
que não quis se identificar, depois
da rebelião do ano passado ele encontrou sua ficha rasgada exatamente na parte onde estava escrito o endereço.
O agente disse ter ouvido presos
falarem que passariam "logo os
endereços para os [criminosos]
que estão do lado de fora".
Ele disse que desde o fim do ano
passado redobrou a atenção com
o que acontece perto de sua casa, e
que tem carregado sempre uma
pistola.
O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário),
Hugo Freire, no cargo há 40 dias,
disse não saber das ameaças.
"Não acho crível que um agente
dê armas a um preso por ameaças", disse ele.
O delegado titular da Draco
(Delegacia de Repressão às Ações
Criminosas Organizadas), Ricardo Hallak, afirmou que as armas
não entram nos presídios por
causa de ameaças.
"Esses [agentes que fornecem
armas a presos] fazem é por dinheiro mesmo", afirmou ele.
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