São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Presos de Bangu obtêm endereços de agentes

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Os presos de Bangu 3 obtiveram os endereços de cerca de 70 agentes penitenciários que trabalham no presídio e passaram a fazer ameaças veladas a eles durante as revistas nas celas.
Os endereços dos agentes constavam das fichas funcionais roubadas pelos presos durante a rebelião ocorrida no presídio em novembro do ano passado, conforme registro feito à época na 34ª DP (Delegacia de Polícia), em Bangu (zona oeste do Rio).
Durante a rebelião, os presos também roubaram carteiras de identidade, de habilitação e contas dos agentes.
O sindicato da categoria informou ter recebido denúncias de que agentes estão sendo intimidados pelos presos.
"As ameaças acontecem quando o agente é correto ao cumprir o regulamento. Ou seja, quando ele faz vistorias rigorosas, não deixa extrapolar os horários do banho de sol e da comida e não deixa o preso fazer o que quer", disse a vice-presidente do sindicato, Vanda Silva Reis.
Segundo Reis, vários agentes mudaram de endereço desde novembro. "A gente nunca sabe quando vai ficar só na ameaça ou quando vai ser concretizado", disse Vanda.
Há 11 dias houve uma tentativa de fuga em Bangu 3, seguida de rebelião.
"Desde dezembro nossas fichas não ficam mais na administração, mas fora da unidade, para não corrermos mais esse risco", disse o chefe da segurança de Bangu 3, Nilton César.
Segundo um agente de Bangu 3, que não quis se identificar, depois da rebelião do ano passado ele encontrou sua ficha rasgada exatamente na parte onde estava escrito o endereço.
O agente disse ter ouvido presos falarem que passariam "logo os endereços para os [criminosos] que estão do lado de fora".
Ele disse que desde o fim do ano passado redobrou a atenção com o que acontece perto de sua casa, e que tem carregado sempre uma pistola.
O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), Hugo Freire, no cargo há 40 dias, disse não saber das ameaças.
"Não acho crível que um agente dê armas a um preso por ameaças", disse ele.
O delegado titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), Ricardo Hallak, afirmou que as armas não entram nos presídios por causa de ameaças.
"Esses [agentes que fornecem armas a presos] fazem é por dinheiro mesmo", afirmou ele.


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