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SAÚDE
Bebê de dois meses teve meningite, mas médicos da rede municipal de Santos não diagnosticaram doença; prefeitura irá recorrer
Casal será indenizado por morte do filho
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Um casal obteve na Justiça uma
indenização de R$ 200 mil da Prefeitura de Santos (litoral sul de
São Paulo) pela morte do filho de
dois meses e meio motivada por
uma meningite não-diagnosticada por médicos do serviço municipal de saúde.
Na sentença, o juiz Márcio
Kammer de Lima, da 2ª Vara da
Fazenda Pública, condenou a prefeitura por danos morais ao aceitar o argumento do casal de que a
morte da criança resultou de falhas no atendimento.
Em 2 de dezembro de 1999, o
menino Luan foi levado ao Pronto-Socorro Municipal do Macuco
pelos pais, o motorista Rodrigo
Scomparim Canha, 28, e a dona-de-casa Adélia da Silva, 20, porque não parava de chorar.
De acordo com o pai da criança,
a médica informou que se tratava
de dor no ouvido. Uma semana
depois, como o bebê não melhorava, o casal voltou ao hospital.
Dessa vez, porém, o diagnóstico
dado foi virose.
Novo diagnóstico
Aconselhados a consultar no dia
seguinte um especialista na Policlínica do Embaré, os pais levaram a criança, que tinha febre e
havia vomitado intensamente na
noite anterior. Ainda segundo o
pai, o médico diagnosticou um
problema digestivo.
Com manchas roxas nas costas,
o menino morreu no dia 11. O casal só tomou conhecimento da
causa da morte por meio do laudo
do IML (Instituto Médico Legal),
que apontou meningite.
Segundo Rodrigo Canha, em
nenhuma das passagens pelas
unidades de saúde os médicos solicitaram exames.
O advogado Fabrício Tadeu Benith Reobol informou que, apesar
da decisão favorável, irá recorrer
ao Tribunal de Justiça, a fim de
tentar reajustar o valor da indenização concedida em primeira instância -representante do casal,
ele havia pleiteado R$ 3 milhões.
Com mais de 700 páginas, o
processo tramitou durante dois
anos e, a pedido do juiz, recebeu
subsídio técnico do Instituto de
Medicina Social e de Criminologia de São Paulo, órgão do governo estadual.
Rodrigo Canha se disse "reconfortado" com a decisão do juiz.
"Não me importa o dinheiro.
Queria que a verdade fosse revelada e que houvesse o reconhecimento público do erro. Fomos à
Justiça para que outros pais não
sofram o que nós sofremos", disse
o pai de Luan.
O casal tem outros dois filhos
-uma menina de 4 anos e um
menino, nascido há 7 meses.
Prefeitura recorre
A Prefeitura de Santos informou que já foi notificada da sentença, proferida na semana passada, e que deverá apresentar recurso ao Tribunal de Justiça do Estado até o próximo dia 29.
Sindicância interna instaurada
pela Secretaria Municipal da Saúde concluiu, no final de 1999, que
não ocorreram falhas nos procedimentos médicos e, portanto,
não havia responsáveis pela morte do bebê.
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