DA SUCURSAL DO RIO

Uma nova guerra de traficantes rivais do complexo de favelas de São Carlos, nos bairros de Estácio e Catumbi (centro do Rio), deixou três pessoas feridas por balas perdidas ontem. Uma das vítimas estava dentro do anexo da sede administrativa da prefeitura, que fica próximo ao complexo.
Outro ferido estava próximo à sede do governo municipal. A terceira pessoa baleada é um jovem de 17 anos. Ele jogava bola no morro da Mineira, que integra o complexo, quando foi baleado na cabeça. Seu estado é grave.
Apesar de a PM ter feito uma incursão no complexo pela manhã, a corporação informou que o tiroteio foi entre traficantes rivais.
O corretor de empréstimos Clélio Augusto Pinto Ribeiro, 66, foi atingido na coxa esquerda no prédio da prefeitura. Na hora, distribuía anúncios de uma empresa de crédito para funcionários da segunda sobreloja do edifício. O corretor foi levado ao Hospital Souza Aguiar, onde foi medicado.
Por volta das 20h, foi para um hospital particular, com a bala ainda na coxa. "Sofri aquele impacto. Depois vi que era um tiro. Com certeza, vou voltar a trabalhar lá. Preciso sobreviver."
No mesmo momento em que o corretor foi baleado, João Francisco Filho, 32, foi atingido, por outra bala perdida, na costela esquerda. Ele estava trabalhando em uma construção próxima à prefeitura e foi levado para o Hospital Central da Polícia Militar. Não corre risco de morte.
No fim da tarde, também deu entrada no Hospital Souza Aguiar Hugo Oliveira da Silva, 17, atingido por uma bala na cabeça. Ele foi levado de carro pelo próprio pai.
O prefeito Cesar Maia (PFL) estava no planetário da Gávea, zona sul, quando o episódio ocorreu. Em resposta a e-mail da Folha, chamou o episódio de "triste".
Anteontem, um tiroteio entre os mesmos traficantes de São Carlos já havia deixado três feridos por balas perdidas perto do morro. Os criminosos atiraram granadas em direção ao túnel Santa Bárbara, que liga o Catumbi a Laranjeiras.
Os traficantes do complexo de São Carlos estão em guerra desde a morte de Irapuan David Lopes, o Gangan, no dia 14. Líder da facção ADA (Amigo dos Amigos), Gangan dominava o tráfico nos morros do Zinco e de São Carlos e era rival do CV (Comando Vermelho), que controla a venda de drogas no morro da Mineira, que integra o complexo. Com sua morte, os traficantes ligados ao CV estão tentando tomar os antigos redutos de Gangan. (MICHEL ALECRIM E MARIO HUGO MONKEN)


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