São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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SEGURANÇA

Traficante telefonou de São Paulo para o Rio

Escuta flagra ligação de celular feita de prisão com bloqueador

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo com bloqueadores de celulares instalados no presídio de segurança máxima de Iaras, no interior de São Paulo, o traficante fluminense Leomar de Oliveira Barbosa, o Leozinho da Vila Ipiranga (favela de Niterói, a 15 km do Rio de Janeiro), conseguiu se comunicar com os telefones de dentro da penitenciária.
É o que revela uma investigação feita pela 5ª Delegacia de Polícia (centro do Rio) que resultou na desarticulação, em setembro, de um esquema de distribuição de drogas que envolvia empresários da zona sul, universitários, taxistas e traficantes de várias favelas.
Barbosa, que foi preso em 1999 pela Polícia Federal em São Paulo, é um dos principais aliados do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso em Presidente Bernardes, também no interior de São Paulo.
Por meio de escutas telefônicas feitas com autorização judicial, os policiais descobriram que, pelo menos de abril a junho, Barbosa falou por celular com a estudante de direito Christiana Andrea Tavares, 29, que, segundo as investigações, seria o contato entre traficantes e pessoas da zona sul responsáveis por um serviço de disque-drogas. A estudante está presa e foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por tráfico.
Segundo o inspetor Alexandre Estelita, nas conversas Barbosa orientava a universitária, que seria uma de suas namoradas, a fazer depósitos em contas de todo o país com o dinheiro do tráfico.
Ordenava ainda que a estudante cobrasse dívidas de clientes do traficante. O contato telefônico entre os dois se dava por meio de uma central clandestina montada em Jacarepaguá (zona oeste do Rio). De acordo com as investigações, Christiana visitava Barbosa em Iaras, onde também recebia as instruções sobre os negócios.
Após deflagrar, em setembro, uma operação que resultou na prisão de dez pessoas, os policiais pararam de realizar as escutas telefônicas, já que os negócios de Leozinho não eram alvo específico da investigação. A penitenciária de Iaras tem capacidade para 792 presos e conta com 787. A unidade tem detectores de metal.

Outro lado
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo informou que a tecnologia utilizada nos bloqueadores não é suficiente para impedir a comunicação nos oito presídios que possuem o equipamento.
A secretaria explicou que as tecnologias das operadoras de celular avançam mais rapidamente do que a dos bloqueadores. Com isso, os equipamentos não conseguem interceptar algumas faixas.
Segundo o texto da secretaria, os bloqueadores instalados em oito unidades prisionais serão mantidos, mas a pasta priorizará o investimento em aparelhos de raio X, que custam três vezes menos e são considerados mais eficientes.
A compra de novos bloqueadores foi suspensa. Cerca de R$ 3 milhões já estavam destinados à aquisição dos aparelhos.


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