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SEGURANÇA
Traficante telefonou de São Paulo para o Rio
Escuta flagra ligação de celular feita de prisão com bloqueador
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo com bloqueadores de
celulares instalados no presídio
de segurança máxima de Iaras, no
interior de São Paulo, o traficante
fluminense Leomar de Oliveira
Barbosa, o Leozinho da Vila Ipiranga (favela de Niterói, a 15 km
do Rio de Janeiro), conseguiu se
comunicar com os telefones de
dentro da penitenciária.
É o que revela uma investigação
feita pela 5ª Delegacia de Polícia
(centro do Rio) que resultou na
desarticulação, em setembro, de
um esquema de distribuição de
drogas que envolvia empresários
da zona sul, universitários, taxistas e traficantes de várias favelas.
Barbosa, que foi preso em 1999
pela Polícia Federal em São Paulo,
é um dos principais aliados do
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso em Presidente Bernardes, também no interior de São Paulo.
Por meio de escutas telefônicas
feitas com autorização judicial, os
policiais descobriram que, pelo
menos de abril a junho, Barbosa
falou por celular com a estudante
de direito Christiana Andrea Tavares, 29, que, segundo as investigações, seria o contato entre traficantes e pessoas da zona sul responsáveis por um serviço de disque-drogas. A estudante está presa e foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por tráfico.
Segundo o inspetor Alexandre
Estelita, nas conversas Barbosa
orientava a universitária, que seria uma de suas namoradas, a fazer depósitos em contas de todo o
país com o dinheiro do tráfico.
Ordenava ainda que a estudante
cobrasse dívidas de clientes do
traficante. O contato telefônico
entre os dois se dava por meio de
uma central clandestina montada
em Jacarepaguá (zona oeste do
Rio). De acordo com as investigações, Christiana visitava Barbosa
em Iaras, onde também recebia as
instruções sobre os negócios.
Após deflagrar, em setembro,
uma operação que resultou na
prisão de dez pessoas, os policiais
pararam de realizar as escutas telefônicas, já que os negócios de
Leozinho não eram alvo específico da investigação. A penitenciária de Iaras tem capacidade para
792 presos e conta com 787. A
unidade tem detectores de metal.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado
de São Paulo informou que a tecnologia utilizada nos bloqueadores não é suficiente para impedir a
comunicação nos oito presídios
que possuem o equipamento.
A secretaria explicou que as tecnologias das operadoras de celular avançam mais rapidamente do
que a dos bloqueadores. Com isso, os equipamentos não conseguem interceptar algumas faixas.
Segundo o texto da secretaria,
os bloqueadores instalados em oito unidades prisionais serão mantidos, mas a pasta priorizará o investimento em aparelhos de raio
X, que custam três vezes menos e
são considerados mais eficientes.
A compra de novos bloqueadores foi suspensa. Cerca de R$ 3 milhões já estavam destinados à
aquisição dos aparelhos.
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