São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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Pai chama polícia após filho matar amiga

Bruno, 26, viciado em crack, assassinou por asfixia garota de 18 que tentava ajudá-lo a deixar as drogas

LIANA LEITE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O pai do músico Bruno Kligierman Melo, 26, chamou a polícia logo após saber que o filho havia matado a amiga Bárbara Chamun Calazans Laino, 18, dentro de casa, no Flamengo, zona sul do Rio, na tarde de sábado. Bruno é viciado em crack há seis anos e asfixiou Bárbara durante um surto causado pela droga. A amiga tentava livrá-lo do vício.
Com a voz trêmula, Luiz Fernando Prôa Melo, 47, contou que o filho matou a menina e "apagou". "Ele só percebeu o que tinha feito quando acordou e foi chamar por ela. Bruno está arrasado porque tirou a vida da pessoa que tanto amava."
O músico está preso numa delegacia do centro e, segundo a Polícia Civil, será acusado de homicídio qualificado, com pena prevista de 12 a 30 anos.
Segundo o pai, os jovens tinham um relacionamento havia dois meses, mas eram mais amigos do que namorados: "Ele a chamava de meu anjo da guarda", conta Prôa.
A família de Bárbara diz que eram só amigos. "Ela queria ajudar o mundo. Era uma menina muito boa, mas achava que era Madre Teresa de Calcutá", disse uma amiga, que preferiu não se identificar.
A jovem, que queria ser atriz e fazia figuração em novelas, foi enterrada na tarde de ontem no Cemitério São João Batista (zona sul). O pai, que estava no velório, não quis falar.
Prôa contou que Bruno ligou para ele assim que percebeu o que acontecera. "Ele me disse: "fumei crack, você não vai mais querer ser meu pai. Fiz uma besteira, matei uma garota"." Depois da ligação, o pai foi à casa do filho e chamou a polícia.
De acordo com Prôa, Bruno foi internado quatro vezes nos últimos cinco anos, mas, depois de liberado, voltava a beber com amigos, o que puxava a droga. Havia um ano e meio, tratava-se de síndrome do pânico. Além de droga e bebida, a PM encontrou remédios tarja preta na cena do crime.
"Perdi meu filho para o crack há seis anos, mas o problema dele não é apenas o vício, ele tem distúrbio de atenção e bipolaridade", contou o pai. Ele explicou que Bruno nunca tivera comportamento violento.
Segundo Prôa, que criou o filho com a ajuda da avó, a mãe de Bruno, a argentina Alejandra Kligierman, o abandonou quando ele tinha um ano. "No dia do aniversário dele, 5 de abril deste ano, ele e a mãe se falaram pela internet e fizeram as pazes. Ele estava muito feliz, mas ela morreu de Aids um mês depois e Bruno entrou em uma nova crise."


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