DA REPORTAGEM LOCAL

Maioria entre os vestibulandos e entre os universitários da USP (Universidade de São Paulo), os candidatos na Fuvest que estudam na rede privada de ensino demonstram certa resistência à implantação do bônus de 3% na nota dos estudantes que saíram da rede pública. Para os jovens de escolas pagas, antes de dar o bônus, é preciso investir na educação básica.
Ricardo Saad, 17, aluno de um colégio privado, busca uma vaga na Escola Politécnica (engenharia) e se diz "meio contra" a medida de inclusão adotada pela USP. "Há uma tentativa de corrigir um erro. Mas primeiro é preciso corrigir o ensino das escolas públicas, que é defasado", afirma ele.
"Acho que o bônus acaba sendo uma oportunidade para quem saiu da escola pública em desvantagem. Eles têm menos condições de passar no vestibular do que a gente. Mas é preciso investir na educação", avalia Fernanda Audi, 17, aluna de um colégio particular de São Paulo e inscrita na Fuvest em busca de uma vaga em medicina.
Ela conta que, caso consiga a matrícula nessa carreira -a quinta mais disputada da Fuvest, com 32,43 candidatos/vaga-, terá suporte dos pais. "Minha mãe, que é neurocirurgiã, fez uma especialização em medicina estética para abrir uma clínica. Eu quero fazer dermatologia e ela já está preparando a clínica para mim", afirma.
Luciana Regina Silva Rodrigues, de 17 anos, que viveu na Inglaterra dos seis aos oito anos e foi alfabetizada em inglês, teme que os candidatos bonificados tenham dificuldades para acompanhar a faculdade. "É preciso melhorar o ensino da escola pública porque eles podem não ter condição de cursar [a faculdade]", afirma.
Desde sempre aluna da rede particular, Luciana optou pela carreira de arquitetura, uma das mais procuradas por candidatos com boas condições socioeconômicas, porque tem o interesse de lidar com "os sonhos das pessoas".
(SIMONE HARNIK)


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