São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quiosqueiros temem fim da venda de coco natural na orla do Rio de Janeiro

Paula Huven/Folha Imagem
Bandeira preta colocada em sinal de luto em quiosque que vende coco na orla do Rio de Janeiro


TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de 40 quiosqueiros da orla carioca hasteou bandeiras pretas em sinal de luto pela construção de novos quiosques. Eles temem, entre outras coisas, que a praia seja descaracterizada pela ausência da venda de coco.
Dos quatro novos quiosques, inaugurados entre novembro passado e fevereiro, um deles só vende água de coco industrializada. "O coco é o produto mais vendido na orla, ele já está incorporado ao espírito carioca, na nossa identidade. Ele já saiu de cena visualmente, nos novos quiosques não há cocos dependurados", disse o advogado do grupo manifestante Orla Legal, Júlio César Costa.
O quiosque Café Nestlé, que não vende o fruto, é de propriedade de Tracy Nogueira. Ela diz que "cause estranheza ou não" a venda de coco tem que ser opção do comerciante. "Eu comecei a operar, vendendo coco, mas optei por um serviço diferente. Sirvo filé mignon e camarão, não tenho espaço para o coco", afirmou.
Apesar da opinião de Tracy assustar ainda mais os manifestantes, João Marcello Barreto, vice-presidente da Orla Rio, que tem a concessão dos 309 quiosques da orla, afirma que o "temor é ridículo".
"No quiosque antigo, ele fica do lado de fora porque não há espaço suficiente nas geladeiras. Por cima deles, passa rato, barata, chuva e sol. Nos novos, ele fica na parte subterrânea, bem armazenado e com mais higiene. O comerciante que não quiser vender o fruto, tem que mandar uma carta para a Orla Rio explicando o por que e se nós vamos aceitar ou não".
Barreto explicou que, se um quiosque não vender, o outro que fica no deque (cada deque tem dois quiosques) é obrigado a vender. "No mínimo metade terá coco." Até dezembro, segundo o Orla Rio, outros 22 quiosques serão inaugurados e, até o Pan, serão 64.
A venda de coco é apenas um pequeno ponto da disputa entre antigos quiosqueiros e a Orla Rio. Os novos quiosques são mais caros para manter, o que vai impedir que muitos continuem em operação,
Desde 99, quando foi realizada a concorrência pública, há disputas judiciais e ações civis públicas contra a construção dos novos quiosques. O grupo Orla Legal entrou com ações para embargar as obras, que chegaram a ficar paralisadas, por falta do estudo de impacto ambiental. A Orla Rio diz que não há irregularidade.


Texto Anterior: Vestibulandos de colégios particulares pedem investimento no ensino público
Próximo Texto: Obras da BR-101 inutilizam sítio arqueológico em SC
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.