São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com achados em estrada, ferrovia gera preocupação

Governo prevê descobertas ao longo da Transnordestina

DA AGÊNCIA FOLHA

A construção da ferrovia Transnordestina -que cortará o Nordeste pelo interior e terá um custo de R$ 4,5 bilhões- deve revelar centenas de ocorrências arqueológicas. A estimativa é do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O órgão ainda não sabe precisar, no entanto, quantas devem ser consideradas sítios.
"De um modo geral, nem todos são [sítios]. O homem pré-histórico ou os próprios indígenas viajavam de um lado para o outro. Às vezes, deixavam cair uma vasilha e elas ficavam ali. Só com a escavação no solo e com estudos mais aprofundados é possível saber se o local é um sítio", afirma Rogério José Dias, gerente nacional de Patrimônio Arqueológico e Natural do instituto.
Já foi feito um levantamento prospectivo ao longo do primeiro trecho das obras, no Ceará. "É uma região de grande potencialidade arqueológica", diz.
Outras obras em andamento no país deverão ser fontes de descobertas arqueológicas nos próximos anos. As hidrelétricas do rio Madeira também apresentam um "alto potencial", segundo ele. Há quatro projetos arqueológicos previstos para o empreendimento.
"Há ainda mineradoras na serra dos Carajás e as obras de hidrelétricas no rio Xingu, que colocam em risco os antigos lugares sagrados do povo indígena local", diz o gerente.
Essas obras fazem com que exista um mercado designado aos "arqueólogos de contrato". A grande maioria dos profissionais trabalha com esse tipo de pesquisa de campo.
Para Rhoneds Aldora, arqueóloga do Museu Nacional, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a "arqueologia de contrato" surgiu em razão de obras que começaram a revelar as "riquezas" históricas do país.
"As grandes obras revelam mais coisas porque afetam uma área vasta, assim há melhores condições de realizar uma prospecção mais ampla do que um projeto de pesquisa básica", explica Rhoneds.
De acordo com a arqueóloga da UFRJ, os empreendimentos "mobilizam muito mais recursos do que as instituições de fomento dispõem para bancar a pesquisa arqueológica".
(TR e CA)


Texto Anterior: Obras da BR-101 inutilizam sítio arqueológico em SC
Próximo Texto: Saiba mais: Rodovia liga boa parte do litoral do país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.