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Com achados em estrada, ferrovia gera preocupação
Governo prevê descobertas
ao longo da Transnordestina
DA AGÊNCIA FOLHA
A construção da ferrovia
Transnordestina -que cortará
o Nordeste pelo interior e terá
um custo de R$ 4,5 bilhões-
deve revelar centenas de ocorrências arqueológicas. A estimativa é do Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O órgão ainda não sabe precisar, no entanto, quantas devem
ser consideradas sítios.
"De um modo geral, nem todos são [sítios]. O homem pré-histórico ou os próprios indígenas viajavam de um lado para o
outro. Às vezes, deixavam cair
uma vasilha e elas ficavam ali.
Só com a escavação no solo e
com estudos mais aprofundados é possível saber se o local é
um sítio", afirma Rogério José
Dias, gerente nacional de Patrimônio Arqueológico e Natural
do instituto.
Já foi feito um levantamento
prospectivo ao longo do primeiro trecho das obras, no Ceará. "É uma região de grande potencialidade arqueológica", diz.
Outras obras em andamento
no país deverão ser fontes de
descobertas arqueológicas nos
próximos anos. As hidrelétricas
do rio Madeira também apresentam um "alto potencial", segundo ele. Há quatro projetos
arqueológicos previstos para o
empreendimento.
"Há ainda mineradoras na
serra dos Carajás e as obras de
hidrelétricas no rio Xingu, que
colocam em risco os antigos lugares sagrados do povo indígena local", diz o gerente.
Essas obras fazem com que
exista um mercado designado
aos "arqueólogos de contrato".
A grande maioria dos profissionais trabalha com esse tipo de
pesquisa de campo.
Para Rhoneds Aldora, arqueóloga do Museu Nacional,
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a "arqueologia de contrato" surgiu
em razão de obras que começaram a revelar as "riquezas" históricas do país.
"As grandes obras revelam
mais coisas porque afetam uma
área vasta, assim há melhores
condições de realizar uma
prospecção mais ampla do que
um projeto de pesquisa básica",
explica Rhoneds.
De acordo com a arqueóloga
da UFRJ, os empreendimentos
"mobilizam muito mais recursos do que as instituições de fomento dispõem para bancar a
pesquisa arqueológica".
(TR e CA)
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