São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Presos 27 acusados de elo com facção criminosa

Dos 27, 14 são mulheres; operação foi em 7 cidades

ANDRÉ CARAMANTE
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA

A polícia prendeu ontem 27 acusados -14 mulheres e 13 homens- de associação para o esquema de tráfico de drogas da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). As prisões foram feitas pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Sorocaba (99 km de SP) em operação realizada em sete municípios.
O grupo é acusado de atuar em várias cidades do interior e em pelo menos três presídios.
Dos 27, 24 tiveram a prisão temporária -por 30 dias- decretada. Os outros três foram presos em flagrante -a polícia afirma ter achado drogas com eles enquanto procurava os que tinham ordem de prisão.
As prisões foram decretadas a partir do trabalho de inteligência da DIG, que grampeou com autorização da Justiça conversas telefônicas dos acusados nos últimos cinco meses. Além dos 27 detidos ontem, ao menos 20 presidiários -das penitenciárias de Hortolândia (109 km de SP), Valparaíso (564 km de SP) e Iperó (126 km de SP)- serão indiciados por associação para o tráfico.
De dentro das penitenciárias, todas elas consideradas pelo governo José Serra (PSDB) como de "segurança máxima", os detentos usavam celulares para comprar e vender drogas e, na maior parte dos casos, com o envolvimento de suas mulheres, mães e irmãs.
Antonio Ferreira Pinto, secretário da Administração Penitenciária, foi procurado pela reportagem ontem, mas não quis se manifestar sobre o uso de celulares nos presídios.
Segundo os delegados Marcelo Carriel e Acácio Aparecido Leite, de acordo com as escutas telefônicas, polícia e Ministério Público calculam que somente essa célula do PCC movimentava aproximadamente R$ 100 mil por mês com o tráfico nas "lojinhas", maneira como os criminosos chamam os pontos-de-venda de drogas em Sorocaba e também em Iperó, Votorantim, Piedade, Ibiúna, Boituva e Buri, cidades onde a operação ocorreu.
Entre os presos ontem está Manoel Basílio Neto, 38, o Shrek. Ele é acusado de ser um dos pistoleiros do PCC na região de Sorocaba.
Neto, conforme revelou a Folha em setembro, é tido pela Polícia Civil como um dos executores das sentenças de morte dos "tribunais do crime" -"julgamentos" comandados por um presidiário do PCC que assume papel de juiz para determinar, por meio de um celular, a morte ou não de uma pessoa.

Outro lado
O advogado Luiz Fernando Adami Latufi, defensor de oito dos 27 presos, disse ter sido impedido pela polícia de ter acesso aos documentos do inquérito policial. Por isso, disse estar impedido de se manifestar.
Ele disse que um de seus clientes presos ontem, Emerson Rodrigues de Sá, saiu da prisão há apenas dois meses, mas não é integrante do PCC.
Até a conclusão desta edição, nenhum advogado de outros presos havia sido localizado.
Parentes disseram à Folha que os policiais invadiram as casas derrubando portas e ameaçando com armas. O delegado Acácio Aparecido Leite confirmou que ao menos duas portas foram derrubadas, mas negou excessos dos policiais durante as prisões. Segundo o policial, "a polícia precisa contar com o fator surpresa".


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