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Presos 27 acusados de elo com facção criminosa
Dos 27, 14 são mulheres; operação foi em 7 cidades
ANDRÉ CARAMANTE
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA
A polícia prendeu ontem 27
acusados -14 mulheres e 13
homens- de associação para o
esquema de tráfico de drogas
da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). As
prisões foram feitas pela DIG
(Delegacia de Investigações
Gerais) de Sorocaba (99 km de
SP) em operação realizada em
sete municípios.
O grupo é acusado de atuar
em várias cidades do interior e
em pelo menos três presídios.
Dos 27, 24 tiveram a prisão
temporária -por 30 dias- decretada. Os outros três foram
presos em flagrante -a polícia
afirma ter achado drogas com
eles enquanto procurava os que
tinham ordem de prisão.
As prisões foram decretadas
a partir do trabalho de inteligência da DIG, que grampeou
com autorização da Justiça
conversas telefônicas dos acusados nos últimos cinco meses.
Além dos 27 detidos ontem, ao
menos 20 presidiários -das
penitenciárias de Hortolândia
(109 km de SP), Valparaíso
(564 km de SP) e Iperó (126 km
de SP)- serão indiciados por
associação para o tráfico.
De dentro das penitenciárias,
todas elas consideradas pelo
governo José Serra (PSDB) como de "segurança máxima", os
detentos usavam celulares para
comprar e vender drogas e, na
maior parte dos casos, com o
envolvimento de suas mulheres, mães e irmãs.
Antonio Ferreira Pinto, secretário da Administração Penitenciária, foi procurado pela
reportagem ontem, mas não
quis se manifestar sobre o uso
de celulares nos presídios.
Segundo os delegados Marcelo Carriel e Acácio Aparecido
Leite, de acordo com as escutas
telefônicas, polícia e Ministério Público calculam que somente essa célula do PCC movimentava aproximadamente
R$ 100 mil por mês com o tráfico nas "lojinhas", maneira como os criminosos chamam os
pontos-de-venda de drogas em
Sorocaba e também em Iperó,
Votorantim, Piedade, Ibiúna,
Boituva e Buri, cidades onde a
operação ocorreu.
Entre os presos ontem está
Manoel Basílio Neto, 38, o
Shrek. Ele é acusado de ser um
dos pistoleiros do PCC na região de Sorocaba.
Neto, conforme revelou a
Folha em setembro, é tido pela
Polícia Civil como um dos executores das sentenças de morte
dos "tribunais do crime" -"julgamentos" comandados por
um presidiário do PCC que assume papel de juiz para determinar, por meio de um celular,
a morte ou não de uma pessoa.
Outro lado
O advogado Luiz Fernando
Adami Latufi, defensor de oito
dos 27 presos, disse ter sido impedido pela polícia de ter acesso aos documentos do inquérito policial. Por isso, disse estar
impedido de se manifestar.
Ele disse que um de seus
clientes presos ontem, Emerson Rodrigues de Sá, saiu da
prisão há apenas dois meses,
mas não é integrante do PCC.
Até a conclusão desta edição,
nenhum advogado de outros
presos havia sido localizado.
Parentes disseram à Folha
que os policiais invadiram as
casas derrubando portas e
ameaçando com armas. O delegado Acácio Aparecido Leite
confirmou que ao menos duas
portas foram derrubadas, mas
negou excessos dos policiais
durante as prisões. Segundo o
policial, "a polícia precisa contar com o fator surpresa".
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