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FUTURA ADMINISTRAÇÃO
O vereador eleito Raul Cortez diz que proposta partiu do futuro secretário Rui Falcão, que nega oferta
PT tentou trocar cargos por apoio, diz PPS
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PPS acusa o PT paulistano de
oferecer cargos na administração
municipal a vereadores eleitos de
outros partidos para conseguir
apoio à gestão da prefeita eleita
Marta Suplicy (PT) na Câmara
Municipal de São Paulo.
Os cargos -que poderiam ser
preenchidos por pessoas indicadas pelos vereadores- seriam de
gerência e supervisão das empresas dependentes e autarquias da
administração municipal -Prodam, Anhembi, Iprem, Cohab e
Serviço Funerário Municipal.
A acusação é do vereador eleito
Raul Cortez (PPS), que procurou
o líder do partido na Câmara dos
Deputados, deputado federal
João Herrmann Neto.
De acordo com o PPS, partido
ao qual pertence o presidenciável
Ciro Gomes e que apoiou a candidatura de Marta no segundo turno, a oferta foi feita pelo futuro secretário de Governo, Rui Falcão,
na sexta-feira, dia 18, em uma reunião realizada às 17h no escritório
da equipe da transição petista.
Falcão nega que tenha feito a proposta (veja texto nesta página).
Os interlocutores de Falcão
eram, segundo a versão do PPS,
os vereadores eleitos que integram o chamado "grupo dos novos" ou "grupo dos dez" -integrantes de pequenos partidos que
apoiam a candidatura de José
Eduardo Martins Cardozo (PT)
para a presidência da Câmara e
que, em troca, querem ocupar a
Mesa Diretora da Casa.
"Nós estamos fazendo um trabalho de apoio ao Zé Eduardo.
Damos para ele a presidência e a
vice-presidência e, logicamente, a
Mesa Diretora tem que honrar esse grupo", disse à Folha o metalúrgico Raul Cortez, ligado à Força Sindical.
"Então, para conversar com esse grupo, o Rui convocou a reunião. Mas aí falou logo que tinha
uns cargos para oferecer para negociar também apoio ao governo.
Aí eu disse que não queria nem
ouvir, porque não estava negociando cargos, mas a Mesa Diretora com Zé. Cargos eles têm de
discutir com o meu partido", continuou Cortez, que também representava no encontro seu companheiro Roger Lin, eleito vereador pelo PPS.
Cortez afirma não saber quantos eram os cargos porque ele e o
também metalúrgico Antônio
Campanha, o Toninho, eleito pelo
PSB, deixaram a reunião.
A Folha apurou que ficaram no
encontro representantes do PTB,
do PL, do Prona e do PDT. Sete
deles também negaram a existência da oferta de cargos.
Se conseguir atrair para a base
governista todos os membros do
"grupo dos dez" -que era "grupo dos nove" até a semana passada-, o PT, que tem 16 vereadores
e conta com três do PC do B, terá
maioria na Câmara -29 dos 55
votos.
Rompimento
O episódio afastou definitivamente o PPS do governo de Marta
Suplicy, segundo o deputado João
Herrmann Neto, que disse que foi
procurado por Cortez depois do
episódio.
"Já não íamos participar do governo porque não vamos ficar no
enésimo escalão e perpetuar a síndrome do cemitério", afirmou
Herrmann, referindo-se ao cargo
ocupado pela legenda na gestão
da então petista Luiza Erundina
-administração do Serviço Funerário Municipal.
"Além de o PT não querer uma
participação política, isso já está
cheirando a fumaça podre. O Rui
Falcão foi procurar nossos vereadores e ofereceu a eles um pacote
como se fosse uma agência de viagens da direita", continuou o deputado.
Membros do PPS chegaram a
cogitar a presidência do Anhembi
Eventos e Turismo na gestão de
Marta, mas o partido descartou
oficialmente a possibilidade.
Segundo Herrmann Neto, os filiados ao PPS que eventualmente
viessem a ocupar cargos do governo teriam que, de acordo com
a visão petista, deixar a administração se os partidos não estiverem aliados em 2002. A exigência
contraria o desejo do PPS.
De acordo com o líder do PPS,
porém, a ex-jogadora de basquete
Paula, filiada ao partido e futura
administradora do Centro Olímpico, não deverá recusar o cargo.
"Foi um convite individual da
Marta. Isso não passou pelo núcleo partidário", afirmou ele.
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