São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 2000

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AMBIENTE

Diesel que escapou de tanque de empresa estatal uruguaia suspende a captação de água em Quaraí e Barra do Quaraí

Vazamento de óleo atinge 2 cidades no RS

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O vazamento de óleo diesel de um tanque da UTE, estatal uruguaia de energia elétrica, provocou, desde a noite de anteontem, a suspensão da captação de água nos municípios de Quaraí e Barra do Quaraí, na fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai.
O acidente aconteceu na noite de sábado, quando um tanque com capacidade para 240 mil litros de óleo diesel, em Artigas, município do Departamento (Estado) de Artigas, apresentou vazamento.
O óleo atingiu um afluente do rio Quaraí, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, e o próprio rio Quaraí, que abastece os municípios de Quaraí e Barra do Quaraí.
As autoridades brasileiras só foram avisadas do acidente no início da noite de domingo. O secretário do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Claudio Langone, 35, disse que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) não havia sido informado.
"Não conseguimos localizar nenhum responsável do Ibama desde que soubemos do vazamento, em nenhum endereço possível, seja em Porto Alegre ou em Brasília", afirmou Langone.
A Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) suspendeu, preventivamente, a captação de água. O abastecimento nos municípios de Quaraí e Barra do Quaraí está sendo feito por meio de poços artesianos. São 28 mil pessoas afetadas em Quaraí e outras 8.000 em Barra do Quaraí.
Na tarde de ontem, técnicos do Serviço de Emergência Ambiental do Rio Grande do Sul estavam no local do acidente para um exame da situação. Ainda não havia levantamento do tamanho da mancha de óleo.
Autoridades uruguaias informaram que teriam vazado 3.000 litros de óleo diesel. José Ricardo Samberg, 49, do Serviço de Emergência Ambiental, disse que esse volume pode ser três vezes maior.
Um caminhão da Petrobras deve chegar hoje ao local para auxiliar na retirada do óleo. Bóias de contenção seriam colocadas no leito do rio. A maior dificuldade, segundo os técnicos, é que o rio não oferece condições de navegação, o que dificulta a operação.

Comissão
Ontem foi criada uma comissão binacional para o trabalho de retirada do óleo e descontaminação do rio Quaraí, que é afluente do rio Uruguai. Pelo lado brasileiro participam da comissão a Prefeitura de Quaraí, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e a Corsan.
Pelo lado uruguaio há representantes da Intendência (prefeitura) de Artigas, do Departamento (Estado) de Artigas e Daniel Sztern, diretor nacional de Ambiente do Uruguai.
O secretário Langone criticou ontem o trabalho de contenção do óleo pela UTE e exigiu que representantes da empresa ficassem fora da comissão.
Segundo ele, os tanques de óleo diesel em Artigas estão sobre o solo, "sem mureta de contenção ou piso de concreto, o que facilitou a disseminação do óleo para o leito do afluente do Quaraí".
Langone criticou ainda a falta de um sistema nacional de emergências ambientais. "Os danos são sempre maiores quando não se tomam medidas urgentes de combate a esses acidentes. A falta de alguém de plantão no Ibama atrapalha, e muito, nesses momentos", disse. A Agência Folha não conseguiu, ontem, contato nos telefones do Ibama em Porto Alegre e Brasília.
Além das cidades brasileiras, o balneário de Artigas e a capital do Departamento de Artigas sofreram as consequências do derramamento de óleo.


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