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AMBIENTE
Diesel que escapou de tanque de empresa estatal uruguaia suspende a captação de água em Quaraí e Barra do Quaraí
Vazamento de óleo atinge 2 cidades no RS
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O vazamento de óleo diesel de
um tanque da UTE, estatal uruguaia de energia elétrica, provocou, desde a noite de anteontem, a
suspensão da captação de água
nos municípios de Quaraí e Barra
do Quaraí, na fronteira entre o
Rio Grande do Sul e o Uruguai.
O acidente aconteceu na noite
de sábado, quando um tanque
com capacidade para 240 mil litros de óleo diesel, em Artigas,
município do Departamento (Estado) de Artigas, apresentou vazamento.
O óleo atingiu um afluente do
rio Quaraí, na fronteira entre o
Brasil e o Uruguai, e o próprio rio
Quaraí, que abastece os municípios de Quaraí e Barra do Quaraí.
As autoridades brasileiras só foram avisadas do acidente no início da noite de domingo. O secretário do Meio Ambiente do Rio
Grande do Sul, Claudio Langone,
35, disse que o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) não havia sido informado.
"Não conseguimos localizar nenhum responsável do Ibama desde que soubemos do vazamento,
em nenhum endereço possível,
seja em Porto Alegre ou em Brasília", afirmou Langone.
A Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) suspendeu, preventivamente, a captação de água. O abastecimento
nos municípios de Quaraí e Barra
do Quaraí está sendo feito por
meio de poços artesianos. São 28
mil pessoas afetadas em Quaraí e
outras 8.000 em Barra do Quaraí.
Na tarde de ontem, técnicos do
Serviço de Emergência Ambiental
do Rio Grande do Sul estavam no
local do acidente para um exame
da situação. Ainda não havia levantamento do tamanho da mancha de óleo.
Autoridades uruguaias informaram que teriam vazado 3.000
litros de óleo diesel. José Ricardo
Samberg, 49, do Serviço de Emergência Ambiental, disse que esse
volume pode ser três vezes maior.
Um caminhão da Petrobras deve chegar hoje ao local para auxiliar na retirada do óleo. Bóias de
contenção seriam colocadas no
leito do rio. A maior dificuldade,
segundo os técnicos, é que o rio
não oferece condições de navegação, o que dificulta a operação.
Comissão
Ontem foi criada uma comissão
binacional para o trabalho de retirada do óleo e descontaminação
do rio Quaraí, que é afluente do
rio Uruguai. Pelo lado brasileiro
participam da comissão a Prefeitura de Quaraí, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e a Corsan.
Pelo lado uruguaio há representantes da Intendência (prefeitura)
de Artigas, do Departamento (Estado) de Artigas e Daniel Sztern,
diretor nacional de Ambiente do
Uruguai.
O secretário Langone criticou
ontem o trabalho de contenção
do óleo pela UTE e exigiu que representantes da empresa ficassem
fora da comissão.
Segundo ele, os tanques de óleo
diesel em Artigas estão sobre o solo, "sem mureta de contenção ou
piso de concreto, o que facilitou a
disseminação do óleo para o leito
do afluente do Quaraí".
Langone criticou ainda a falta
de um sistema nacional de emergências ambientais. "Os danos
são sempre maiores quando não
se tomam medidas urgentes de
combate a esses acidentes. A falta
de alguém de plantão no Ibama
atrapalha, e muito, nesses momentos", disse. A Agência Folha
não conseguiu, ontem, contato
nos telefones do Ibama em Porto
Alegre e Brasília.
Além das cidades brasileiras, o
balneário de Artigas e a capital do
Departamento de Artigas sofreram as consequências do derramamento de óleo.
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