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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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TRÂNSITO

Segundo representante de aplicadores das películas, clientes no país passaram de 700 mil em 1999 para 2,2 milhões em 2002

Até 15% da frota "escureceu", diz associação

DA REPORTAGEM LOCAL

A conclusão de que os veículos com insulfilm são mais infratores chama a atenção num momento de expansão dessas películas. A Abrawf (Associação Brasileira dos Representantes e Aplicadores de Window Film) estima que de 12% a 15% da frota do país já tenham seus vidros "filmados".
O recorde de aplicações -2,2 milhões- aconteceu em 2002. Em 1999, foram 700 mil. Neste ano, a Abrawf prevê um crescimento de 10% nas vendas.
A aplicação das películas foi liberada por uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) em novembro de 1998. Ela permite uma transparência mínima de 75% nos vidros do pára-brisa, de 70% nos das portas dianteiras e de 50% nos de trás.
Conforme reconhecem as empresas do setor, entretanto, muitos motoristas optam por transparências de 20% e de até 5%, que deixam os vidros mais escuros.
A aplicação em desacordo com a legislação acaba sendo estimulada pela impossibilidade de punição: não existe hoje no país, segundo informações do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), nenhum equipamento regulamentado para aferir a transparência dos vidros automotivos que circulam nas ruas.
Ou seja, os agentes da autoridade de trânsito estão impedidos, tecnicamente, de fazer a fiscalização e aplicar a multa de R$ 127,69 (que renderia cinco pontos).
Não é à toa que no site da Insulfilm do Brasil, por exemplo, são expostos os dois tipos de aplicação: permitida pela lei, chamada de "design", e não-permitida pela lei, batizada de "privacidade".
A empresa esclarece que a utilização dos vidros mais escuros "é opção exclusiva do consumidor por sua liberalidade de consumo". Mas dá a dica: "Consumidores de todo o país vêm utilizando-se da linha privacidade, por se sentirem mais seguros no trânsito -optando por serem multados a roubados ou sequestrados".

Segurança
O apelo para as questões de segurança é a principal razão de crescimento desse mercado, mas ele é visto com ressalvas.
Primeiro, por conta da ameaça ao trânsito -já que a visibilidade, com os vidros escuros, também pode ficar comprometida.
O vice-presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), José Montal, diz que os motoristas recebem 95% das informações por meio da visão. "Qualquer redução da visibilidade já indica um fator de risco, significa menos informações para ele tomar as decisões", afirma.
Manoel Camassa, delegado titular da Delegacia de Furto e Roubo de Veículos de São Paulo, avalia que a intenção de se proteger de bandidos "é uma via de mão dupla". De um lado, trata-se de uma vantagem, já que os vidros escuros impedem os assaltantes de saber quem está no carro. De outro, pondera o delegado, a película também pode ser uma proteção ao criminoso durante um sequestro-relâmpago.
O economista Marcelo Alexandre Brito Ferreira, 32, conta que fez a aplicação da película há dois anos, "mais por estética", mas que hoje pensa mais na proteção contra a violência -por esse motivo, também colocou no carro da mulher, que costuma dirigir sozinha. "Eu me arrependo apenas de não ter colocado mais escuro", afirma Ferreira, que tem nos vidros a película de 50% no carro inteiro.


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