|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRÂNSITO
Segundo representante de aplicadores das películas, clientes no país passaram de 700 mil em 1999 para 2,2 milhões em 2002
Até 15% da frota "escureceu", diz associação
DA REPORTAGEM LOCAL
A conclusão de que os veículos
com insulfilm são mais infratores
chama a atenção num momento
de expansão dessas películas. A
Abrawf (Associação Brasileira
dos Representantes e Aplicadores
de Window Film) estima que de
12% a 15% da frota do país já tenham seus vidros "filmados".
O recorde de aplicações -2,2
milhões- aconteceu em 2002.
Em 1999, foram 700 mil. Neste
ano, a Abrawf prevê um crescimento de 10% nas vendas.
A aplicação das películas foi liberada por uma resolução do
Contran (Conselho Nacional de
Trânsito) em novembro de 1998.
Ela permite uma transparência
mínima de 75% nos vidros do pára-brisa, de 70% nos das portas
dianteiras e de 50% nos de trás.
Conforme reconhecem as empresas do setor, entretanto, muitos motoristas optam por transparências de 20% e de até 5%, que
deixam os vidros mais escuros.
A aplicação em desacordo com
a legislação acaba sendo estimulada pela impossibilidade de punição: não existe hoje no país, segundo informações do Denatran
(Departamento Nacional de
Trânsito), nenhum equipamento
regulamentado para aferir a
transparência dos vidros automotivos que circulam nas ruas.
Ou seja, os agentes da autoridade de trânsito estão impedidos,
tecnicamente, de fazer a fiscalização e aplicar a multa de R$ 127,69
(que renderia cinco pontos).
Não é à toa que no site da Insulfilm do Brasil, por exemplo, são
expostos os dois tipos de aplicação: permitida pela lei, chamada
de "design", e não-permitida pela
lei, batizada de "privacidade".
A empresa esclarece que a utilização dos vidros mais escuros "é
opção exclusiva do consumidor
por sua liberalidade de consumo". Mas dá a dica: "Consumidores de todo o país vêm utilizando-se da linha privacidade, por se
sentirem mais seguros no trânsito
-optando por serem multados a
roubados ou sequestrados".
Segurança
O apelo para as questões de segurança é a principal razão de
crescimento desse mercado, mas
ele é visto com ressalvas.
Primeiro, por conta da ameaça
ao trânsito -já que a visibilidade,
com os vidros escuros, também
pode ficar comprometida.
O vice-presidente da Abramet
(Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), José Montal, diz
que os motoristas recebem 95%
das informações por meio da visão. "Qualquer redução da visibilidade já indica um fator de risco,
significa menos informações para
ele tomar as decisões", afirma.
Manoel Camassa, delegado titular da Delegacia de Furto e Roubo
de Veículos de São Paulo, avalia
que a intenção de se proteger de
bandidos "é uma via de mão dupla". De um lado, trata-se de uma
vantagem, já que os vidros escuros impedem os assaltantes de saber quem está no carro. De outro,
pondera o delegado, a película
também pode ser uma proteção
ao criminoso durante um sequestro-relâmpago.
O economista Marcelo Alexandre Brito Ferreira, 32, conta que
fez a aplicação da película há dois
anos, "mais por estética", mas que
hoje pensa mais na proteção contra a violência -por esse motivo,
também colocou no carro da mulher, que costuma dirigir sozinha.
"Eu me arrependo apenas de não
ter colocado mais escuro", afirma
Ferreira, que tem nos vidros a película de 50% no carro inteiro.
Texto Anterior: Inspeção pode barrar irregularidade Próximo Texto: Película poderá ser fiscalizada Índice
|