São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chegada da família real portuguesa como tema rende verba extra a escolas

DA SUCURSAL DO RIO

Além do reforço extra da Petrobras, a Prefeitura do Rio ampliou seu investimento no Carnaval. Fora a tradicional subvenção rateada entre as escolas -R$ 5,2 milhões, mesmo valor de 2007-, repassou mais R$ 2 milhões para Mocidade e São Clemente levarem à avenida como enredo a comemoração dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil. Os desfiles no Rio acontecem no domingo e na segunda.
O governo do Estado manteve a cifra alocada em 2007 para o Carnaval -R$ 4 milhões.
Os contratos entre a prefeitura e a Liesa são alvos do Ministério Público Estadual, que aponta que o tesouro municipal tem sofrido prejuízos.
Os promotores questionam por que a prefeitura entregou à Liga toda a gestão do desfile do Grupo Especial. Com a autorização, a entidade contrata e controla os serviços de venda de ingresso, segurança, iluminação e sonorização.
O Ministério Público alega que a gestão desses serviços poderia ser feita por empresas especializadas na promoção de grandes eventos, se houvesse uma licitação para isso -o que não acontece.
Contatadas, nem a Liesa nem a Prefeitura do Rio responderam à Folha.

Sem deboche
De acordo com as escolas, a Prefeitura do Rio ampliou sua oferta de recursos, mas não exigiu contrapartidas.
"A única exigência feita foi não falar mal nem tratar com deboche e chacota a Família Real. De resto, não houve interferência na concepção do enredo", diz Roberto Gomes, vice-presidente da São Clemente, escola que subiu neste ano para o Grupo Especial. O dinheiro, afirma Gomes, permitirá à escola fazer o melhor Carnaval dos seus 46 anos.
Na Mangueira, de acordo com Celso Rodrigues, presidente de comissão de Carnaval da escola, o patrocínio cobre metade do custo do desfile -R$ 6 milhões- e permitiu ampliar o número de doações de fantasias para a comunidade.
Na São Clemente, cujo orçamento é pouco menor que R$ 5 milhões, possibilitou a entrega de 1.800 fantasias às pessoas da comunidade e também a compra de dois novos chassis de caminhões -onde são montados os carros alegóricos.
Além do apoio público, empresas privadas também patrocinam o Carnaval do Rio neste ano. A Beija-Flor, cujo enredo é sobre Macapá (AP), arrecadou R$ 600 mil com diversas empresas locais. Teve o apoio da prefeitura na captação.
A Grande Rio obteve recursos de empresas do Amazonas para desenvolver o enredo de samba sobre a reserva de gás de Urucu, no interior do Estado. A escola não informou o valor exato recebido, mas a cifra supera o R$ 1 milhão.
Robério Braga, secretário de Cultura do Amazonas, afirma que o governo só se limitou a fazer contatos com empresas da Zona Franca, sem colocar recursos diretamente.
"O objetivo é a promoção positiva do Estado", diz Braga.
Ticket, HSBC e Nestlé patrocinam a Vila Isabel, cujo enredo é "Trabalhadores do Brasil" -nem a escola nem as empresas divulgam o valor. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) ajudou a escola na captação de patrocínio.


Texto Anterior: Para CPI, evento lesa cofres públicos
Próximo Texto: Em SP, escola de samba vende até perfume
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.