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Chegada da família real portuguesa como tema rende verba extra a escolas
DA SUCURSAL DO RIO
Além do reforço extra da Petrobras, a Prefeitura do Rio ampliou seu investimento no Carnaval. Fora a tradicional subvenção rateada entre as escolas
-R$ 5,2 milhões, mesmo valor
de 2007-, repassou mais R$ 2
milhões para Mocidade e São
Clemente levarem à avenida
como enredo a comemoração
dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil.
Os desfiles no Rio acontecem
no domingo e na segunda.
O governo do Estado manteve a cifra alocada em 2007 para
o Carnaval -R$ 4 milhões.
Os contratos entre a prefeitura e a Liesa são alvos do Ministério Público Estadual, que
aponta que o tesouro municipal tem sofrido prejuízos.
Os promotores questionam
por que a prefeitura entregou à
Liga toda a gestão do desfile do
Grupo Especial. Com a autorização, a entidade contrata e
controla os serviços de venda
de ingresso, segurança, iluminação e sonorização.
O Ministério Público alega
que a gestão desses serviços poderia ser feita por empresas especializadas na promoção de
grandes eventos, se houvesse
uma licitação para isso -o que
não acontece.
Contatadas, nem a Liesa nem
a Prefeitura do Rio responderam à Folha.
Sem deboche
De acordo com as escolas, a
Prefeitura do Rio ampliou sua
oferta de recursos, mas não exigiu contrapartidas.
"A única exigência feita foi
não falar mal nem tratar com
deboche e chacota a Família
Real. De resto, não houve interferência na concepção do enredo", diz Roberto Gomes, vice-presidente da São Clemente,
escola que subiu neste ano para
o Grupo Especial. O dinheiro,
afirma Gomes, permitirá à escola fazer o melhor Carnaval
dos seus 46 anos.
Na Mangueira, de acordo
com Celso Rodrigues, presidente de comissão de Carnaval
da escola, o patrocínio cobre
metade do custo do desfile -R$
6 milhões- e permitiu ampliar
o número de doações de fantasias para a comunidade.
Na São Clemente, cujo orçamento é pouco menor que R$ 5
milhões, possibilitou a entrega
de 1.800 fantasias às pessoas da
comunidade e também a compra de dois novos chassis de caminhões -onde são montados
os carros alegóricos.
Além do apoio público, empresas privadas também patrocinam o Carnaval do Rio neste
ano. A Beija-Flor, cujo enredo é
sobre Macapá (AP), arrecadou
R$ 600 mil com diversas empresas locais. Teve o apoio da
prefeitura na captação.
A Grande Rio obteve recursos de empresas do Amazonas
para desenvolver o enredo de
samba sobre a reserva de gás de
Urucu, no interior do Estado. A
escola não informou o valor
exato recebido, mas a cifra supera o R$ 1 milhão.
Robério Braga, secretário de
Cultura do Amazonas, afirma
que o governo só se limitou a fazer contatos com empresas da
Zona Franca, sem colocar recursos diretamente.
"O objetivo é a promoção positiva do Estado", diz Braga.
Ticket, HSBC e Nestlé patrocinam a Vila Isabel, cujo enredo
é "Trabalhadores do Brasil"
-nem a escola nem as empresas divulgam o valor. A CUT
(Central Única dos Trabalhadores) ajudou a escola na captação de patrocínio.
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