São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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Associação afirma que população deve confiar em delegados

Presidente de entidade da categoria apoia investigação em SP, mas diz que é preciso separar "o joio do trigo" na corporação

Corregedoria da Polícia Civil investiga 800 casos sob a suspeita de irregularidades que envolvem delegados no Estado de São Paulo


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A delegada Marilda Aparecida Pansonato Pinheiro, 54, presidente da Adpesp (Associação dos Delegados do Estado de SP) desde o dia 11, afirmou ontem apoiar as ações da Corregedoria Geral da Polícia Civil que atingem 800 dos 3.313 delegados do Estado (24%). Mas, segundo ela, é importante "separar o joio do trigo, porque nem todos os investigados são suspeitos de crimes graves."
Conforme a Folha revelou no domingo, atualmente a Corregedoria mantém um total de 8.579 casos contra policiais de várias funções, não só de delegados. A Polícia Civil tem cerca de 33 mil integrantes. "O número de 800 delegados investigados demonstra que a gente apura tudo", disse Marilda.
Na opinião dela, eleita com 681 votos dos 1.909 que votaram para representar 4.128 delegados, o número de ações demonstra que "a Corregedoria é forte e transparente".
"Não queremos corrupção dentro da nossa instituição, não queremos violência, nada disso. Queremos uma Polícia Civil transparente e que o delegado de polícia tenha uma conduta ilibada", disse Marilda, uma das líderes da greve dos policiais civis em 2008.
"Não podemos dar uma conotação de que são 800 delegados investigados pela mesma coisa, por corrupção, isso não procede. Nós, da Associação dos Delegados, não compactuamos com esse tipo de coisa. Queremos ter nossos direitos preservados, o direito da ampla defesa", disse.
A Adpesp fez ontem um pedido formal à Corregedoria para obter um balanço sobre os casos em que delegados são investigados e por quais motivos as apurações foram abertas.
A delegada Marilda afirma que a população tem motivos para acreditar nos delegados da Polícia Civil e que, atualmente, um dos principais objetivos dos delegados do Estado "é resgatar a dignidade, a identidade e o respeito" da categoria.
"Há sim uma vontade grande [dos delegados], um interesse de prestar serviço público de qualidade, mas a gente precisa ter condições de trabalho melhores e um melhor salário."
Para ela, um delegado precisava ganhar de R$ 10 mil a R$ 12 mil. Hoje, delegado em início de carreira ganha R$ 5.203,31 em São Paulo. O salário mais alto é de R$ 9.403.


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