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CAOS NO RIO
Saída de Bangu 1 ocorreu após reunião entre governadora e ministros da Justiça e da Casa Civil
Beira-Mar é transferido para SP
SABRINA PETRY
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
foi transferido nesta madrugada
do Rio. O avião decolou por volta
da 0h30, mas o destino não foi
confirmado. A opção mais provável era o presídio de segurança
máxima de Presidente Bernardes
(589 km a oeste de SP).
O aeroporto de Presidente Prudente (565 km a oeste de São Paulo), próximo a Presidente Bernardes, informou que estava programada a chegada de um vôo da
FAB durante a madrugada.
Segundo a assessoria da governadora Rosinha Matheus, Beira-Mar foi retirado do presídio de segurança máxima Bangu 1 por volta das 23h e levado para a base aérea de Santa Cruz, que também fica na zona oeste.
"Ele [Beira-Mar] era um problema, e resolvemos esse problema",
disse Rosinha em entrevista à
Globonews, por volta de 1h15 de
hoje. Mesmo após a saída do traficante do Rio, a governadora não
quis confirmar seu destino final.
"Isso é responsabilidade do governo federal."
A transferência foi definida na
reunião realizada ontem à noite
entre Rosinha e os ministros da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e
da Casa Civil, José Dirceu, depois
de três dias de ações violentas de
narcotraficantes no Rio e em seis
cidades da região.
O ministro da Justiça já tinha se
declarado simpático à transferência. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva tinha pedido a Thomaz
Bastos, advogado criminalista,
que encontrasse a fórmula jurídica para a transferência, uma vez
que a detenção de Beira-Mar no
Rio foi determinada pela Justiça.
Na reunião também foi formalizado o pedido de envio de tropas
para o Estado. O governo Lula deve anunciar hoje a participação de
3.000 homens das Forças Armadas no patrulhamento do Rio, durante o Carnaval.
Apesar de o governo Lula já ter
se declarado contrário a que os
militares assumam tarefas policiais, o fato de o pedido de ajuda
se restringir ao período do Carnaval pode contribuir para superar
essa resistência.
Na campanha presidencial de
2002, depois de ações semelhantes do narcotráfico, o governo de
Fernando Henrique Cardoso
também liberou 3.000 soldados
para reforçar a segurança do Rio.
Na ocasião, não houve confrontos
entre militares e criminosos.
Nem os ministros nem a governadora deram entrevistas depois
do encontro, no Palácio Guanabara, sede do governo estadual.
Rosinha entregou a José Dirceu
um ofício formalizando o pedido
de ajuda das Forças Armadas.
Também participaram da reunião o superintendente da Polícia
Federal no Rio, Marcelo Itagiba, o
chefe do Comando Militar do
Leste, general Luiz Seldom da Silva Muniz, o secretário de Segurança do Rio, Josias Quintal, e o
chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins.
Na saída do Palácio Guanabara, o
carro dos ministros Thomaz Bastos e José Dirceu foi escoltado por
oito carros da PF, com policiais
armados.
Sem ingerência
Segundo a Folha apurou, o governo federal decidiu atender às
reivindicações de Rosinha depois
de Lula ter determinado que deveria ficar claro que a própria governadora pedira o socorro.
O presidente teve essa preocupação a fim de evitar a interpretação de que haveria intervenção ou
intromissão federal num assunto
estadual. Rosinha tem feita críticas ao governo Lula pela dificuldade de receber socorro financeiro ao Estado.
O ministro da Justiça acredita
que é preciso promover um reforço das polícias Civil, Militar e Federal para combater a crise de segurança pública do Rio.
Uma atuação específica da Polícia Federal, especialmente no que
se refere ao combate ao contrabando de armas, também pode
ser anunciada hoje.
Ontem de manhã, Rosinha telefonou diversas vezes para Thomaz Bastos, solicitando uma decisão sobre o destino de Beira-Mar
e a ação do Exército. Ele, então,
consultou Lula e os ministros Dirceu e José Viegas Filho (Defesa).
Até terça-feira, Viegas Filho resistia à idéia da utilização das Forças Armadas na segurança do Rio.
"Se há carência de efetivo de policiais, a resposta é para reforçar o
efetivo. E não para substituir com
efetivos militares, que não são destinados à função policial", dissera ele.
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