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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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CAOS NO RIO

Governadora anuncia que os 20 principais líderes presos do Comando Vermelho serão vigiados nas próprias celas

PMs encapuzados vão monitorar traficantes

Divulgação
Em foto distribuída pelo Palácio Guanabara, soldados encapuzados do Bope participam de novo esquema de segurança em Bangu


SABRINA PETRY
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O governo do Rio anunciou ontem que vai colocar um policial militar encapuzado e sem identificação para vigiar, 24 horas por dia, cada um dos 20 principais líderes da facção CV (Comando Vermelho) detidos no presídio de segurança máxima Bangu 1.
A medida foi revelada pela governadora Rosinha Matheus, em um pronunciamento presenciado por integrantes da cúpula da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
A governadora também anunciou o início, às 13h de ontem, da operação "Rio Seguro", com a mobilização de 23 mil policiais militares, 5.000 policiais civis e 4.500 guardas municipais para tentar apreender armas e drogas em favelas.
"Nosso bloco está nas ruas e, se tiver de ocorrer conflito armado, vai ter. Se alguém tiver de morrer por isso, que morra", disse o secretário de Segurança, Josias Quintal. Até o final da tarde, a operação tinha resultado na morte de dois supostos traficantes na favela do Jacarezinho e em 78 prisões, 21 delas na favela Nelson Mandela, em Manguinhos (zona norte), onde veículos foram incendiados na segunda-feira.
Pelo plano de vigilância dos chefes do Comando Vermelho, inédito no Estado, os policiais destacados para a função são do Bope (Batalhão de Operações Especiais), tropa de elite da PM, e se revezarão diariamente.

Corrupção
Entre os criminosos que serão vigiados estão Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, e Marco Antônio da Silva Tavares, o Marquinhos Niterói.
Na opinião do chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, o revezamento e a não-identificação dos policiais evitará que os criminosos consigam corrompê-los.
O comandante-geral da PM, coronel Renato Hotz, disse que não acredita na possibilidade de corrupção. "Os PMs que foram colocados nos presídios têm noção plena do cumprimento da lei."
Questionado sobre a necessidade desse tipo de vigilância, mesmo em se tratando de uma penitenciária de segurança máxima, o secretário Josias Quintal respondeu que "sempre há falhas". "Sou a favor de todo castigo possível." Para Quintal, Beira-Mar é "um sujeito que não tem mais jeito, irrecuperável e que tem de ser recolhido e enclausurado".

Agenda
Depois de ter sido criticada por ter almoçado com o ministro do Turismo, na segunda-feira, enquanto a cidade era atacada por criminosos, e por ter passado a tarde de anteontem fazendo compras de material escolar para os filhos, Rosinha cancelou toda a sua agenda para a reunião com a cúpula da segurança.
Em sua agenda, estavam previstas as visita às cidades de Rio Claro e Miguel Pereira (a 150 km e 120 km da capital, respectivamente), "Chegamos ao limite do suportável e vamos utilizar todos os instrumentos do Estado, toda a força da lei, tudo que estiver ao nosso alcance para reverter esse quadro que se arrasta há duas décadas", disse a governadora.


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