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SAÚDE
Gerência do sistema pode passar para ministério; processo de desabilitação foi iniciado após denúncias de irregularidades
União ameaça tirar SUS do governo do DF
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após uma série de denúncias de
irregularidades no sistema público de saúde do Distrito Federal,
como mortes de pacientes por falta de medicamentos e por interrupção de tratamento, além de
desvio de verbas, o Ministério da
Saúde iniciou na semana passada
um processo de desabilitação do
governo local da gestão plena do
SUS (Sistema Único de Saúde).
O governo do Distrito Federal
tem até o dia 14 de abril para apresentar sua defesa. Se a comissão
tripartite -municípios, Estados e
União- entender que deve ser
feita a exclusão, o DF perde o poder de gerir o SUS, que passará
para o ministério. Não poderá,
por exemplo, remanejar verbas
nem credenciar unidades de saúde. Será o primeiro caso desse tipo
em esfera estadual no Brasil. Em
2002, o ministério desabilitou
municípios por irregularidades.
Atualmente, 13 Estados, incluindo o DF, estão na gestão plena, estabelecida em 1993.
O governador Joaquim Roriz
(PMDB) diz que não aceita que a
saúde seja usada como instrumento político.
Segundo documento do ministério, há falta de medicamentos,
de material cirúrgico e de enfermagem. Não há continuidade do
tratamento para pacientes que usam remédios de alto custo nem
para doentes em tratamentos quimioterápicos e antineoplásicos
(de combate a tumores).
Transplantes
A vice-presidente da Associação
dos Renais Crônicos do DF, Regina Gonçalves da Costa, disse ontem que no último fim de semana
duas doações de rins não puderam ser feitas no Hospital de Base
por falta de médicos capacitados
para fazer transplante de doadores mortos. "E faltam kits de exames usados após a cirurgia."
Segundo ela, cerca de 550 pacientes aguardam na lista de espera por um transplante de rim, e
outros 250 entram anualmente no
serviço de hemodiálise.
No primeiro semestre de 2002, o
Hospital de Base chegou a ficar
proibido de realizar transplantes
devido às péssimas condições do
centro cirúrgico, que apresentava
infiltrações no teto e nas paredes e
acúmulo de sujeira nas tubulações do sistema de ventilação.
O hospital é o único da rede pública do DF que faz transplantes.
Falta de dinheiro
O documento do Ministério da
Saúde diz ainda que os recursos
previstos para este ano para o setor no DF -R$ 1,3 bilhão- ficarão abaixo do necessário e não serão suficientes para cumprir a lei.
Além disso, afirma que foram
previstas despesas com aposentadorias e pensões no Fundo de
Saúde do Distrito Federal, o que
contraria a legislação.
No relatório também consta
que a Secretaria da Saúde mantinha no dia 12 passado uma aplicação no mercado financeiro de R$
34,464 milhões, enquanto há falta
de medicamentos e de insumos
na rede pública.
Já a página da secretaria na internet, na coluna "De Olho na
Saúde", mostra as realizações e
diz que a força-tarefa criada para
melhorar o setor "obteve os primeiros resultados": consertou
seis elevadores do setor de internação e outros três da emergência
do Hospital de Base. Além disso,
entregou, na última sexta-feira,
8.956 fraldas para os hospitais,
que seriam suficientes para a demanda do fim de semana.
No final do ano passado, o ministério já havia feito uma auditoria na Secretaria da Saúde do DF e
constatado má gestão dos recursos do SUS, falhas de planejamento e de controle e falta de medicamentos. Segundo o levantamento, 60% das compras de medicamentos analisadas na época foram feitas com dispensa de licitação, sendo que o valor de alguns
produtos estava até 374% acima
da referência.
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