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EVENTO FOLHA
Ministério da Educação recebe até o dia 30 de março propostas de mudanças antes de fechar o projeto de reforma universitária
Discussão está no início, afirmam reitores
EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate sobre a reforma universitária ainda está no começo.
Essa é a impressão de reitores e representantes de entidades que
compareceram ao evento promovido pela Folha na última quinta-feira, em seu auditório.
O próprio ministro da Educação, Tarso Genro, diz que a proposta irá ser modificada.
"Acho que a imprensa, num
primeiro momento, fez um debate [sobre o projeto de reforma] de
fundo mais ideológico. Algumas
sugestões feitas no debate de ontem [quinta-feira] foram extremamente aproveitáveis. Acho
que a Folha ajudou a avançar
muito nessa discussão", afirmou
o ministro, um dia após o evento.
"O importante do debate é que
ele ocorreu. [O projeto de reforma] não tem uma definição fechada. Ainda vai ser muito discutido", afirmou o vice-presidente
do Conselho Superior da Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo), Paulo
Eduardo de Abreu Machado.
Ponto de vista
Com a discussão ainda em andamento, os participantes do
evento têm pontos de vista diferentes sobre a proposta.
O Ministério da Educação recebe até o dia 30 de março propostas
para serem analisadas antes de fechar o projeto de reforma.
O secretário municipal da Educação de São Paulo, José Aristodemo Pinotti, não concorda com a
idéia de vincular 75% da verba
destinada à educação para as universidades federais.
"Não que não seja necessário
um aumento de recursos. Mas
não colocar em uma lei, que ficará
[em vigor] por 20, 30 anos", disse
Pinotti. O secretário foi reitor da
Unicamp (Universidade Estadual
de Campinas).
"A grande vantagem é começar
essa discussão, de forma democrática, que espero que seja mantida no Congresso", completou.
Já o reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Oswaldo Baptista Duarte Filho, acha
que a vinculação dos 75% da verba da educação para as federais
não é suficiente.
"Isso é apenas para manutenção. Se quisermos ter 40% dos
universitários nas instituições públicas, e 30% dos jovens no ensino
superior, isso é muito pouco", declarou, após o debate.
O secretário-executivo da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais
de Ensino Superior), Gustavo Balduíno, considera que "falta uma
reforma universitária de aspectos
pedagógicos".
Segundo ele, "hoje se formam
bons técnicos, mas o cidadão não
sai hoje da universidade um cidadão melhor."
A reitora da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo), Maura Pardini Bicudo
Véras, defende que as instituições
comunitárias precisam de investimento público.
"Uma instituição como a PUC,
que dá 40% de bolsas, merece benefícios do Estado."
Segundo Véras, a instituição está discutindo o anteprojeto internamente e deve divulgar, nos próximos dias, as conclusões.
Já o presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São
Paulo), Hermes Figueiredo, defende que a reforma deveria ser
"fatiada". "Por que não encaminhar os fatores em que há consenso, como a autonomia das universidades federais?", questiona. "E
tenho uma opinião parecida com
a que o ex-ministro Cristovam
Buarque disse no debate, de que é
preciso primeiro uma reforma no
ensino básico", afirma.
Compareceram ao evento mais
de dez reitores, secretários municipal e estadual, representantes de
entidades ligadas à educação e estudantes. O auditório recebeu 120
pessoas e outras 50 assistiram à
discussão em um telão instalado
no 10º andar do prédio. As inscrições foram esgotadas em apenas
uma hora e meia, na terça-feira. O
mediador foi Gilberto Dimenstein, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha.
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