São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

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EVENTO FOLHA

Ministério da Educação recebe até o dia 30 de março propostas de mudanças antes de fechar o projeto de reforma universitária

Discussão está no início, afirmam reitores

EM SÃO PAULO

DA REPORTAGEM LOCAL

O debate sobre a reforma universitária ainda está no começo. Essa é a impressão de reitores e representantes de entidades que compareceram ao evento promovido pela Folha na última quinta-feira, em seu auditório.
O próprio ministro da Educação, Tarso Genro, diz que a proposta irá ser modificada.
"Acho que a imprensa, num primeiro momento, fez um debate [sobre o projeto de reforma] de fundo mais ideológico. Algumas sugestões feitas no debate de ontem [quinta-feira] foram extremamente aproveitáveis. Acho que a Folha ajudou a avançar muito nessa discussão", afirmou o ministro, um dia após o evento.
"O importante do debate é que ele ocorreu. [O projeto de reforma] não tem uma definição fechada. Ainda vai ser muito discutido", afirmou o vice-presidente do Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Paulo Eduardo de Abreu Machado.

Ponto de vista
Com a discussão ainda em andamento, os participantes do evento têm pontos de vista diferentes sobre a proposta.
O Ministério da Educação recebe até o dia 30 de março propostas para serem analisadas antes de fechar o projeto de reforma.
O secretário municipal da Educação de São Paulo, José Aristodemo Pinotti, não concorda com a idéia de vincular 75% da verba destinada à educação para as universidades federais.
"Não que não seja necessário um aumento de recursos. Mas não colocar em uma lei, que ficará [em vigor] por 20, 30 anos", disse Pinotti. O secretário foi reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"A grande vantagem é começar essa discussão, de forma democrática, que espero que seja mantida no Congresso", completou.
Já o reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Oswaldo Baptista Duarte Filho, acha que a vinculação dos 75% da verba da educação para as federais não é suficiente.
"Isso é apenas para manutenção. Se quisermos ter 40% dos universitários nas instituições públicas, e 30% dos jovens no ensino superior, isso é muito pouco", declarou, após o debate.
O secretário-executivo da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Gustavo Balduíno, considera que "falta uma reforma universitária de aspectos pedagógicos".
Segundo ele, "hoje se formam bons técnicos, mas o cidadão não sai hoje da universidade um cidadão melhor."
A reitora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Maura Pardini Bicudo Véras, defende que as instituições comunitárias precisam de investimento público.
"Uma instituição como a PUC, que dá 40% de bolsas, merece benefícios do Estado."
Segundo Véras, a instituição está discutindo o anteprojeto internamente e deve divulgar, nos próximos dias, as conclusões.
Já o presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), Hermes Figueiredo, defende que a reforma deveria ser "fatiada". "Por que não encaminhar os fatores em que há consenso, como a autonomia das universidades federais?", questiona. "E tenho uma opinião parecida com a que o ex-ministro Cristovam Buarque disse no debate, de que é preciso primeiro uma reforma no ensino básico", afirma.
Compareceram ao evento mais de dez reitores, secretários municipal e estadual, representantes de entidades ligadas à educação e estudantes. O auditório recebeu 120 pessoas e outras 50 assistiram à discussão em um telão instalado no 10º andar do prédio. As inscrições foram esgotadas em apenas uma hora e meia, na terça-feira. O mediador foi Gilberto Dimenstein, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha.


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