São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006 |
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MOACYR SCLIAR A traição dos confetes Nem só de confete e serpentina é feito o Carnaval. Para quem quer aproveitar o primeiro feriado prolongado do ano, mas não está nem um pouco interessado em enfrentar multidões, calor, barulho e ambientes geralmente embalados a muita bebida alcoólica e pouca moderação, o melhor mesmo é se manter bem longe da folia. Folha Equilíbrio, 9 de fevereiro de 2006
Longe da folia: este era o lema de dona Francelina. Ela
era dessas pessoas que detestam
Carnaval, por causa da zoeira, da
confusão e, claro, da imoralidade.
Muito religiosa, dona Francelina
desaprovava o relaxamento de
costumes que acompanha o chamado tríduo momesco, uma época de vício e de pecado. Se pudesse, sairia da cidade, iria para a
serra, para um spa, ou mesmo para a pacata cidadezinha do interior em que nascera. Mas não podia, por uma simples razão: ela e
o marido, Ernesto, eram muito
pobres. Ele, auxiliar de escritório,
ela, costureira, mal ganhavam
para se sustentar, e isso que não
tinham filhos. O jeito, portanto,
era ficar na capital e agüentar o
barulho, que não era pouco. Moacyr Scliar escreve às segundas, nesta coluna, um texto de ficção baseado em notícias publicadas no jornal. Texto Anterior: Telefonia: Cliente reclama por não conseguir comprar telefone Próximo Texto: Há 50 anos Índice |
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