São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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É "fundamental reconhecer" avanço, afirma secretário

Para Paulo Renato Souza, é preciso melhorar a formação dos professores para alcançar bons resultados no sistema

"Ampliação do acesso sempre promove, num primeiro momento, queda na média das avaliações", afirmou o secretário

Eduardo Anizelli - 13.abr.2009/Folha Imagem
O secretário de Estado da Educação, Paulo Renato de Souza

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza, admitiu que a situação da rede não é "satisfatória", mas afirmou ser "fundamental reconhecer que os indicadores melhoraram".
Para melhorar o sistema, diz, é preciso melhorar a formação dos professores. Abaixo, entrevista exclusiva dada à Folha, por e-mail. (FÁBIO TAKAHASHI)

 

FOLHA - Os dados mostram que houve melhora na 4ª e na 8ª séries, mas estagnação no ensino médio. O foco da secretaria foi a alfabetização?
PAULO RENATO SOUZA -
Não. O esforço foi igualmente significativo para atender a todas as séries. No ensino médio, houve diversificação curricular com ênfase no preparo para continuidade de estudos e educação profissional, antiga reivindicação da juventude.

FOLHA - Apesar do avanço na 4ª e 8ª séries, os alunos ainda estão distantes do ideal. O ensino médio, por exemplo, está com nível de 8ª série.
PAULO RENATO -
Apesar de a situação não ser satisfatória, é fundamental reconhecer que os indicadores melhoraram. O Idesp global do Estado [índice que considera notas dos alunos nas provas do Saresp e índices de reprovação e evasão] evoluiu 9,4% em apenas um ano, o que é significativo.
A análise precisa considerar os dados conjunturais. Entre eles: os resultados das provas de temporários e os dados preliminares do concurso do Programa Valorização pelo Mérito [que concederá aumento salarial aos melhores] corroboram a necessidade de formação mais avançada aos professores.

FOLHA - Em matemática, os alunos do 3º ano do ensino médio recuaram para patamares de 2007. O que explica essa queda?
PAULO RENATO -
Os dados mostram estagnação no ensino médio. São Paulo é o Estado em que a universalização mais avançou no Brasil. Nada menos do que 86% dos jovens de 15 a 17 anos estão na escola, e 69% estão na série adequada à idade.
A ampliação do acesso sempre promove, num primeiro momento, queda na média das avaliações. Mas há, também, dificuldade constatada mundialmente na passagem da aritmética (que lida basicamente com números) para a álgebra (quando são incorporadas incógnitas e o universo simbólico da matemática), o que começa a ocorrer por volta da sexta série.
Para enfrentar essa situação, a Secretaria da Educação vai oferecer a todos os professores de matemática da rede estadual, a partir de março, cursos com 240 horas de duração.

FOLHA - A união dos grupos "básico" e "adequado" na divulgação não são uma forma de melhorar artificialmente a situação da rede?
PAULO RENATO -
Não. É fundamental entender que o patamar "básico" é suficiente. Considera-se desempenho suficiente o domínio das habilidades e conteúdos do currículo da série.
Por exemplo, em língua portuguesa na quarta série, os alunos realizam tarefas de leitura mais complexa que envolvem três aspectos simultâneos: formulação de hipóteses sobre os significados do texto; reformulação das hipóteses iniciais durante a leitura; e construção de sínteses parciais.


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