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Economistas negam relação direta
DA EQUIPE DE TRAINEES
A ênfase atual dada à teoria do
capital humano não é compartilhada por todos os pesquisadores.
Para uma parcela dos economistas que estudam a desigualdade
de renda, as relações entre desenvolvimento econômico e educação não são tão diretas, nem pode
esta sozinha pode promover mudanças radicais para diminuir a
desigualdade.
Segundo Carlos Medeiros, professor da UFRJ, a desigualdade no
Brasil tem causas mais complexas, que não podem ser reduzidas
a um fator. "(Utilizar o argumento da educação) é muito conveniente para os governos conservadores, porque eles preservam
suas políticas econômicas das críticas que enfatizam a concentração de renda", afirma.
De acordo com o economista
Paul Singer, da FEA-USP, não
adianta apenas fornecer educação
e não gerar empregos com o crescimento da economia.
Ele diz que há muitas pessoas
que não têm trabalho apesar da
alta escolaridade que possuem.
Por isso, um aumento no nível de
educação apenas deslocaria o
problema do desemprego e da má
distribuição de renda para uma
população mais educada.
Na Argentina, segundo Medeiros, a tese de que a educação garante emprego e renda para as
pessoas foi colocada em xeque.
Desde o início do século, esse vizinho brasileiro tem trabalhado
para melhorar o nível educacional, o que resultou em uma alta
taxa de alfabetização (96,7%). Por
outro lado, afirma o professor, isso não se traduziu em empregos.
O desemprego atinge 14,7% dos
argentinos.
Segundo o professor Reinaldo
Gonçalves, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), para diminuir as desigualdades, deve-se aliar um sistema de ensino
gratuito a uma desconcentração
de renda. "Não adianta só dar o
peixe ao pobre ou ensiná-lo a pescar. É preciso dar o barco."
Os economistas que combatem
a tese de que a educação resolve o
problema da desigualdade afirmam que o ensino deve ser visto
de uma forma mais abrangente.
"A educação é um bem em si e
não pode ser justificado pelo ponto de vista econômico", afirma
Medeiros.
(CM e DV)
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