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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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JUSTIÇA SOB AMEAÇA

Para polícia, grávida pode ser a contadora do PCC e estar envolvida com crime de Presidente Prudente

Presa suspeita de ligação com morte de juiz

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de São Paulo prendeu ontem uma mulher apontada como responsável pela contabilidade do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que pode estar envolvida com o assassinato do juiz-corregedor dos presídios de Presidente Prudente, Antonio José Machado Dias, morto a tiros em uma emboscada no último dia 14.
Rosângela Aparecida Lendramandi, conhecida como Fia, grávida de sete meses, foi detida ontem de manhã em Osasco (Grande SP), acusada do crime de formação de quadrilha.
Os policiais chegaram até ela investigando um bilhete apreendido na Penitenciária 1 de Avaré, que seria destinado ao assaltante Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola -o atual número um da facção, segundo investigações-, avisando do assassinato do juiz três dias após o crime.
Com ela, o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) informou ter apreendido três mochilas com cartas e bilhetes de presos, anotações que podem ser livros-caixas da facção e extratos, além de listas de telefones do PCC.
Em depoimento, Fia não quis explicar a origem dos bilhetes e negou participação no crime.
Segundo o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic, ela atuava como pombo-correio, levando e trazendo ordens e informações, além de cuidar da contabilidade. Sobre a morte do juiz, afirmou que a única pista, por enquanto, é o apelido dela citado no bilhete que Marcola receberia.
A Folha apurou, no entanto, que Fia tem ligações com o preso André Batista da Silva, o Andrezão, braço operacional do PCC -que estaria organizando ações fora dos presídios-, e que estava detido em Presidente Venceslau -uma das prisões sob a competência do magistrado.
Fia e Andrezão estão no último organograma do PCC, divulgado no final do ano passado. Desde 2001, a polícia tinha o apelido dela, detectado a partir de grampos telefônicos, mas não conseguia identificá-la. O bilhete facilitou a investigação, pois permitiu localizar seu marido, um preso de nome Reinaldo, o Zampa, que está preso no Anexo de Taubaté.
Policiais começaram ontem a avaliar os papéis apreendidos com Fia para tentar identificar outros membros da facção.
O Deic investiga quem foi o mandante do assassinato do juiz, enquanto o DHPP (departamento de homicídios), que também prendeu uma pessoa anteontem, apura quem foram os executores do plano -os dois homens que balearam o juiz-corregedor.


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