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JUSTIÇA SOB AMEAÇA
Para polícia, grávida pode ser a contadora do PCC e estar envolvida com crime de Presidente Prudente
Presa suspeita de ligação com morte de juiz
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia de São Paulo prendeu
ontem uma mulher apontada como responsável pela contabilidade do PCC (Primeiro Comando
da Capital) e que pode estar envolvida com o assassinato do juiz-corregedor dos presídios de Presidente Prudente, Antonio José
Machado Dias, morto a tiros em
uma emboscada no último dia 14.
Rosângela Aparecida Lendramandi, conhecida como Fia, grávida de sete meses, foi detida ontem de manhã em Osasco (Grande SP), acusada do crime de formação de quadrilha.
Os policiais chegaram até ela investigando um bilhete apreendido na Penitenciária 1 de Avaré,
que seria destinado ao assaltante
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola -o atual número
um da facção, segundo investigações-, avisando do assassinato
do juiz três dias após o crime.
Com ela, o Deic (Departamento
de Investigações sobre o Crime
Organizado) informou ter
apreendido três mochilas com
cartas e bilhetes de presos, anotações que podem ser livros-caixas
da facção e extratos, além de listas
de telefones do PCC.
Em depoimento, Fia não quis
explicar a origem dos bilhetes e
negou participação no crime.
Segundo o delegado Godofredo
Bittencourt, diretor do Deic, ela
atuava como pombo-correio, levando e trazendo ordens e informações, além de cuidar da contabilidade. Sobre a morte do juiz,
afirmou que a única pista, por enquanto, é o apelido dela citado no
bilhete que Marcola receberia.
A Folha apurou, no entanto,
que Fia tem ligações com o preso
André Batista da Silva, o Andrezão, braço operacional do PCC
-que estaria organizando ações
fora dos presídios-, e que estava
detido em Presidente Venceslau
-uma das prisões sob a competência do magistrado.
Fia e Andrezão estão no último
organograma do PCC, divulgado
no final do ano passado. Desde
2001, a polícia tinha o apelido dela, detectado a partir de grampos
telefônicos, mas não conseguia
identificá-la. O bilhete facilitou a
investigação, pois permitiu localizar seu marido, um preso de nome Reinaldo, o Zampa, que está
preso no Anexo de Taubaté.
Policiais começaram ontem a
avaliar os papéis apreendidos
com Fia para tentar identificar
outros membros da facção.
O Deic investiga quem foi o
mandante do assassinato do juiz,
enquanto o DHPP (departamento de homicídios), que também
prendeu uma pessoa anteontem,
apura quem foram os executores
do plano -os dois homens que
balearam o juiz-corregedor.
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