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Piauí vai ganhar presídio federal
e se dispõe a receber Beira-Mar
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Após recusa do governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), de federalizar o presídio
de Presidente Bernardes e dificuldades de negociação com a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho (PSB), para fazer o
mesmo com a penitenciária de segurança máxima Bangu 1, o governo federal vai assumir uma
unidade no Piauí, Estado governado por Wellington Dias (PT).
Por sua vez, Dias disse ontem,
por meio de sua assessoria, que
aceita vigiar o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho
Beira-Mar, que deve deixar Presidente Bernardes até amanhã, se
receber estrutura para isso.
"O governador afirma que o Estado tem como uma de suas atribuições prestar segurança ao povo. Se a nação precisa abrigar alguém que oferece perigo, isso é
obrigação do Estado", disse o secretário da Comunicação do
Piauí, Oscar de Barros.
A penitenciária de Teresina, que
começou a ser construída em junho de 2000, está em fase final de
acabamento e custou R$ 1,75 milhão. Os custos foram repartidos
entre o Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) e o governo do
Estado, que pagou 10%.
A unidade tem capacidade para
236 presos e deve sofrer alterações
para acomodar presos de alta periculosidade. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não
descarta aceitar a transferência de
Beira-Mar para essa prisão, quando ela estiver pronta.
O ministro disse também, em
audiência pública na Câmara dos
Deputados, que, até o término das
obras em Teresina, deve ocorrer o
treinamento dos 200 agentes penitenciários federais contratados
emergencialmente por um ano,
prorrogável por igual período.
O governo federal havia anunciado a decisão de construir cinco
penitenciárias federais de segurança máxima depois da onda de
violência no Rio de Janeiro no período pré-carnavalesco.
No dia 27 de fevereiro, o traficante Beira-Mar foi transferido
para a penitenciária de Presidente
Bernardes. Na ocasião, o ministro
da Justiça afirmou que seriam
construídos os presídios federais
de segurança máxima em diferentes regiões do país. De início, o governo federal queria controlar
Bangu 1. A governadora Rosinha
Matheus rejeitou a proposta.
Após tentativa de federalizar
Presidente Bernardes, o ministério passou a negociar com outros
governadores, que também apresentaram objeções. O piauiense
Wellington Dias aceitou.
Para o secretário da Segurança
Pública do Piauí, Airton Franco,
tanto a federalização do presídio
em Teresina quanto a transferência de Beira-Mar podem ser positivas para o Estado. "Ganhamos
com isso um reforço substancial
para a própria segurança do traficante, como mais equipamentos
de comunicação, helicópteros,
viaturas. O Hildebrando Pascoal
está preso no Acre e o coronel
Correia Lima aqui [ambos ligados
ao crime organizado], sem problemas. Não se deve fazer do Beira-Mar um mito nacional", disse.
Segundo o secretário, o Piauí
aceita receber Beira-Mar desde
que o governo federal forneça toda a estrutura de segurança necessária para abrigar o traficante.
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