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23 cursos de direito terão de reduzir vagas
Folha obteve acesso ao nome das instituições que, pelos planos do MEC, deverão cortar 13.786 vagas; 6 dos cursos já concordaram
Lista do ministério inclui a Unip (Universidade Paulista), a instituição de ensino superior particular com maior número de matrículas no país
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Educação
quer cortar 13.786 vagas em 23
cursos de direito com baixo desempenho no exame da pasta
que avalia os universitários.
A medida faz parte do processo de supervisão, anunciado
pelo MEC no ano passado, que
teve como alvo 80 cursos de direito com notas 1 e 2, numa escala de 1 a 5, no Enade (Exame
Nacional de Desempenho de
Estudantes), que avalia o conhecimento dos alunos, e no
IDD (Indicador de Diferença
de Desempenho), que mede o
conhecimento agregado pelos
cursos aos estudantes.
A Folha obteve a lista dos
cursos que receberam a proposta. Seis já concordaram formalmente com a medida e firmaram um termo de compromisso com o MEC. Já concordaram em cortar 1.547 vagas.
Outros 17 cursos, que oferecem o restante das vagas na mira do MEC, ainda não se comprometeram a fazer o corte.
Sete deles são ministrados
em sete cidades diferentes pela
Unip (Universidade Paulista), a
instituição de ensino superior
particular com maior número
de matrículas no país, segundo
os últimos dados disponíveis,
de 2006. A Unip afirma não ter
recebido a proposta.
Outros três são da Uniban
(Universidade Bandeirante de
São Paulo) -a quarta maior-
em São Paulo, São Bernardo do
Campo e Osasco.
O restante: Universidade Camilo Castelo Branco, Universidade Santo Amaro, Faculdade
Comunitária de Campinas,
Universidade do Vale do Paraíba, Universidade Mogi das
Cruzes e Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis.
O sindicato que representa
as universidades privadas de
São Paulo reagiu à medida e
alega que o fechamento de vagas prejudica a inclusão social
de estudantes de baixa renda.
Se as instituições não assinarem os termos de compromisso com o MEC, estão sujeitas a
sofrer processos administrativos que podem culminar, em
última instância, até no fechamento do curso -embora o ministro Fernando Haddad (Educação) tenha afirmado diversas
vezes que o objetivo não é esse,
mas sim melhorar o ensino.
O processo de supervisão
prevê também medidas como
ampliação de bibliotecas, melhorias na infra-estrutura e
contratação de mais professores em tempo integral. O cumprimento das medidas é verificado um ano após a assinatura.
Em qualquer hipótese, o
MEC afirma que os alunos já
matriculados não serão afetados, já que tanto o fechamento
do curso como o corte de vagas
só irá valer para os processos
seletivos seguintes.
Esta é a segunda leva de redução de vagas desde que foi
anunciada a supervisão na área
de direito. Em janeiro, outros
26 cursos já haviam se comprometido a cortar 6.323 vagas. Há
ainda outros 28 que estão sendo analisados pelo ministério.
A medida foi justificada por
Haddad, em diversas declarações públicas, com o argumento de que algumas instituições
podem até ter condições de
oferecer cursos de qualidade,
mas não para tantos alunos.
"O objetivo não é inibir o setor privado, mas inibir o setor
privado naquela área de atuação em que ele não está bem",
disse o ministro em sabatina
feita pela Folha anteontem.
Outro argumento é que a redução também acarretaria diminuição do número de alunos
por professor.
Pelos dados da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), o
país tinha 1.088 cursos de direito até janeiro. Dados do MEC
de 2006 -os últimos disponíveis- mostram que, naquele
ano, havia 228 mil vagas em
cursos, das quais 33,7% não haviam sido preenchidas.
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