São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Einstein vai administrar hospital público

Pela primeira vez, Hospital Israelita Albert Einstein gerenciará unidade municipal, com apoio de duas organizações sociais

O hospital municipal, situado em M'Boi Mirim, zona sul de São Paulo, terá orçamento mensal previsto em R$ 5,1 milhões

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na sua história, o Hospital Israelita Albert Einstein vai administrar um hospital público. A unidade municipal, localizada em M'Boi Mirim, região pobre da zona sul de São Paulo, com uma população de 500 mil habitantes, será inaugurada no dia 8.
Além do Einstein, participa da gestão o Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas Doutor João Amorim), uma OS (organização social) que administra outras unidades básicas de saúde na região de M'Boi Mirim.
As OSs são entidades geridas pela iniciativa privada que cumprem regras estabelecidas por lei municipal. Para serem contratadas pela prefeitura, devem comprovar que atuam há pelo menos cinco anos com saúde pública.
É o segundo hospital municipal a ser administrado neste modelo -o primeiro, na Cidade Tiradentes, é gerido pelo hospital Santa Marcelina. No Estado, há outros 24 hospitais gerenciados por OSs.
O orçamento mensal da unidade de M'Boi Mirim será de R$ 5,1 milhões -65% consumidos em folha de pagamento. Os recursos vêm da Secretaria Municipal da Saúde.

Sem lucros
A gestão do M'Boi Mirim não está relacionada aos projetos de filantropia que o Einstein desenvolve no município -que continuarão existindo- e também não trará lucros à instituição, segundo o seu presidente, Claudio Lottenberg, ex-secretário municipal da Saúde.
Ele afirma que a administração do hospital será "um desafio" e tem por objetivo ajudar o sistema público na incorporação de políticas de qualidade de saúde, já desenvolvidas com sucesso no Albert Einstein.
Tudo está planejado para que o hospital em M'Boi Mirim -que chama Moisés Deutsch- tenha o mesmo padrão do Einstein. É assim com o piso, a sinalização especial para deficientes visuais, o heliponto -o único da rede pública- e a padronização de condutas médicas.
Um exemplo é o protocolo de atendimento ao paciente com AVC (Acidente Vascular Cerebral) também igual ao do Einstein. O modelo, que prevê condutas diferenciadas desde o momento da internação, conseguiu reduzir pela metade o tempo de internação hospitalar (de 18 para 9 dias) e zerar o índice de mortalidade, que até 2005 era de 11%.

Crivo
Também passaram pelo crivo do Albert Einstein a compra de equipamentos, a contratação e o treinamento de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, entre outros.
Segundo Silvio Possa, diretor-geral do M'Boi Mirim, a unidade, na primeira fase, atenderá pediatria, ortopedia, ginecologia e obstetrícia, cirurgia-geral e anestesia. A partir de julho, vão funcionar a maternidade e a clínica psiquiátrica. O hospital tem três UTIs.
"A participação do Einstein exemplifica a qualidade dos parceiros da prefeitura no processo de atendimento oferecido na rede municipal", afirma o secretário municipal da Saúde, Januário Montone.


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