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Mortes por dengue no RJ chegam a 54 no ano
Áreas carentes, com baixo IDH, concentram maioria das mortes; famílias buscaram, sem sucesso, hospitais públicos
Vítima de 2 anos, que morava à beira de rio propício
à procriação do mosquito transmissor, passou por
três hospitais públicos
ITALO NOGUEIRA
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
Bairros com IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano)
abaixo da média da capital do
Rio concentram 25 das 31 mortes causadas pela dengue neste
ano. A maioria das famílias recorreu, sem sucesso, a hospitais
públicos. A Secretaria de Estado de Saúde divulgou ontem
que 54 pessoas morreram vítimas da epidemia no Estado.
Houve mortes ainda em Duque de Caxias (7), Campos (3),
São João de Meriti (3), Paracambi (3), Nova Iguaçu (1), São
Gonçalo (1) e Belford Roxo (1),
regiões onde o IDH também é
baixo, além de Miguel Pereira
(3) e Angra dos Reis (1).
A cada cinco mortos na capital, quatro ocorreram em bairros cujo IDH está abaixo da média do Rio: 0,840. Com um dos
piores índices, Senador Camará (0,768) é onde houve mais vítimas: quatro, sendo três crianças abaixo de 11 anos.
Em Curicica (0,828 de IDH),
as mortes se concentram no
Conjunto Juliano Moreira.
Dois mortos já foram confirmados pela secretaria municipal. Um caso aguarda o laudo.
Os pais de Jhamile Olegário
Ferreira, 2, viram de perto as
manchas surgirem no corpo
dela. Na casa de 15 metros quadrados à beira de um rio, em
Curicica, cujas margens acumulam lixo e bambuzais -propício à procriação do mosquito
da dengue-, o auxiliar de serviços gerais Jurandir Nunes Ferreira Jr., 32, logo desconfiou
que a filha tinha dengue.
"Ela ficou cinco dias internada no hospital Lourenço Jorge
(municipal) e deram alta. Recomendaram repouso e alimentação", disse Ferreira Jr.
Jhamile passou a evacuar
sangue um dia depois da alta.
Os pais a levavam para o hospital, onde os médicos receitavam medicação e a mandavam
para casa. Eles decidiram procurar outro hospital municipal,
o Raphael de Paula Souza, onde
ela ficou 12 dias. No dia 23, foi
levada às pressas para o hospital pediátrico Jesus.
A menina morreu no dia seguinte. A secretaria ainda
aguarda um laudo final para
concluir a causa. Os pais dizem
que ouviram dos médicos que
ela foi vítima da dengue.
O casal já perdeu uma filha
de três anos, também em um
hospital público. Júlia Vitória
foi internada com pneumonia
há um ano, mas morreu em razão de uma infecção hospitalar.
O filho Jackson, 6, "está traumatizado, não quer ir mais para
hospital", disse a mãe.
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