São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Multidão gritava "Nardoni na prisão!"

Cerca de 300 pessoas, segundo a PM, acompanharam, por um telão instalado em frente ao fórum, o resultado final do julgamento

Público gritava ainda mais quando era filmado pelas câmeras de TV; policiais chegaram a usar spray para conter os manifestantes

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Ai, ai, ai, ai/ tá chegando a hora...", cantava a multidão diante do Fórum de Santana, momentos antes de a sentença ser proferida, em forte torcida pró-condenação.
Quando o juiz Maurício Frossen anunciou o resultado do julgamento, em fala transmitida ao vivo pelas TVs, exibida em telão instalado em frente ao fórum, o público explodiu em gritos de comemoração. Houve até estouro de rojões.
Eram cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar. Em grande parte, os espectadores eram famílias com seus filhos pequenos empunhando cartazes com pedidos de paz, fotos de Isabella Nardoni e frases contrárias aos acusados.
A exaltação ganhava força quando o público era filmado pelas câmeras de televisão, para as quais dirigiam sua manifestação e acenavam.
Após a sentença, as pessoas se concentraram perto da saída de carros do fórum, à espera dos acusados. Quando os camburões com Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni saíram do prédio, os manifestantes batiam com força nas janelas, e policiais espirraram sprays de pimenta para abrir espaço entre a multidão para que os carros pudessem passar.
O clima de linchamento começou bem antes. Eram gritos como "Sete a zero! Sete a zero!", em referência ao desejo de condenação por unanimidade (pela legislação atual, não é mais divulgado o placar da votação); "Ô, seu juiz/ presta atenção/ eu quero ver o Nardoni na prisão"; e também "Joga pela jane-la, joga pela jane-la".
Ali estava gente como a aposentada Neusa Cardoso Machado, 65, que saiu de casa tarde da noite para ficar prostrada, em pé, diante da grade que separava o fórum da calçada. Por que estava ali? "Nunca vi isso. Então vim por curiosidade."
O telão lá fora e o barulho contínuo de helicóptero no céu completavam o cenário. Um carro de som, que antes tocava canções de forró em alto volume, passa a tocar o "Tema da Vitória", como nas corridas vencidas por Ayrton Senna.
O publicitário Alessandro Fruk, 31, distribuía cartazes nos quais se lia "Todo castigo para assassinos de crianças é pouco. Apodreçam na cadeia, casal Nardoni". "O Brasil é um país de impunidade. Eu me indignei e vim pra cá", justificou.
Já pela manhã o clima era tenso na entrada do Fórum de Santana. O público ameaçou e quase agrediu um homem que se identificou como "pastor Adeilton" e que gritava: "E se eles forem inocentes? Se eles pedirem perdão, deverão ser perdoados". A Polícia Militar teve de intervir.

FOLHA ONLINE
Leia a íntegra da sentença do juiz para o casal
www.folha.com.br/100861



Texto Anterior: Sob gritos e rojões, Nardoni e Anna Jatobá são condenados
Próximo Texto: Forenses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.