São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Marginal Pinheiros é a "vilã do trânsito" da manhã

Um ano após ampliação da Tietê e Rodoanel, via é a que menos teve melhora

Neste mês, Pinheiros registrou 48% mais trânsito que a Tietê pela manhã; para técnico, há afunilamento de pistas


Adriano Vizoni/Folhapress
Tráfego intenso às 10h de anteontem na marginal Pinheiros, na altura do Jockey Clube

ANDRÉ MONTEIRO
ALENCAR IZIDORO

DE SÃO PAULO

Após um ano da ampliação da marginal Tietê e do trecho sul do Rodoanel, a média dos engarrafamentos paulistanos diminuiu, mas a marginal Pinheiros é hoje um gargalo para os motoristas.
Das principais vias expressas, ela foi a que menos sentiu os impactos das novas obras ou restrições aos caminhões impostas pelo prefeito Gilberto Kassab- que anunciou sua saída do DEM para fundar um novo partido.
E na retomada da vida normal da cidade num ano de Carnaval tardio, a marginal Pinheiros tem sido a principal vilã no trânsito da manhã, período que tem registrado índices tão ruins quanto os do final da tarde.
Levantamento da Folha mostra que, das 7h às 10h, ela acumula neste mês 350 km de filas pelas medições horárias da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Isso representa 48% a mais do que os 236 km da Tietê -que em anos anteriores tinha mais do que o dobro de congestionamento da Pinheiros ao longo do dia.
Há explicações variadas, mas uma já era esperada: com a ampliação restrita à marginal Tietê, há um afunilamento na Pinheiros.
"É como alargar um rio em um ponto. Aumenta a vazão, a água chega mais rápido no outro. Os carros andam mais na Tietê. Mas, enquanto não houver solução para os pontos críticos da Pinheiros, não adianta", afirma Alexandre Zum Winkel, consultor em trânsito que trabalhou mais de duas décadas na CET.
Mas por que a lentidão tem se concentrado de manhã?
"A zona sul está mal atendida por transporte público e é alvo de grande expansão comercial e residencial. Na ida, as viagens são para lá. Na volta, sai de uma via saturada para um rio largo, a Tietê. Escoa melhor", diz.

NOVA ROTINA
O diagnóstico da CET sobre o semestre passado aponta uma queda de 52% do trânsito na marginal Tietê, de 70% na av. dos Bandeirantes e de 22% na média da capital.
Na marginal Pinheiros, a melhoria se limitou a 14%.
"O espaço da retirada dos caminhões foi ocupado por carros", avalia Winkel. Em um ano, a frota da cidade cresceu 250 mil veículos e beira hoje os 7 milhões.
As queixas ao trânsito parado por lá se multiplicam em redes sociais na internet.
"Aconteceu algo na marginal Pinheiros? Estão dando algo grátis? Por que tanto carro, Senhor?", queixava-se Renato Suk na última sexta.
A mudança de rotina não atinge apenas as vias mais afetadas, mas os horários.
Em fevereiro, a lentidão em São Paulo melhorou 5% à tarde e piorou 5% de manhã em relação ao ano passado.
Na prática, a média das 7h às 10h (99 km) quase igualou a das 17h às 20h (100 km).
Uma situação atípica até então, agravada, entre outras coisas, pela permissão a algumas atividades do transporte de cargas pela manhã (como alimentos perecíveis, mudança e construção civil).


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