São Paulo, sexta, 27 de março de 1998

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Bombeiros agitam vilarejo e "as moças"

do enviado especial

A presença de cerca de 400 homens do Exército e bombeiros do Brasil e da Argentina mudou a pacata vida dos 328 moradores da vila do Apiaú, em Roraima.
No vilarejo, foram montadas as bases brasileira e argentina de combate aos incêndios de uma das regiões mais críticas do Estado. A presença dos soldados e dos bombeiros agitou a noite da vila, atraiu olhares das moças do vilarejo, instituiu uma disputa futebolística entre as "seleções" da Argentina e do Brasil, atraiu a curiosidade das crianças, aumentou a venda do comércio local e até conseguiu reforçar o fornecimento de água e de energia para a região.
Toda essa mudança de rotina trouxe, por enquanto, um único inconveniente, na avaliação dos combatentes: faltou cerveja nos três primeiros dias da semana.
"Nesses dias que passamos aqui nos demos conta de que não há essa rivalidade tão difundida entre brasileiros e argentinos quando se trata de futebol", disse o bombeiro argentino Luis Goenada, autor do único gol da segunda partida entre brasileiros e argentinos, realizada na segunda-feira, na parte que resta do campo que está servindo de heliporto.
Na primeira partida, os brasileiros venceram por 6 a 3. O terceiro jogo deve acontecer no fim-de-semana.
Goenada comprava biscoitos no Bar e Mercearia Almeida, onde o proprietário do estabelecimento, Antonio Altevir, 29, não escondia sua expressão de felicidade por ter quintuplicado suas vendas desde a chegada de soldados e bombeiros.
"Antes, eu vendia R$ 100 por dia. Agora, estou vendendo R$ 500. O que mais sai são refrigerantes, cerveja e biscoitos", contou Altevir.
À noite, a varanda de sua mercearia fica ocupada principalmente por argentinos, que ficam jogando sinuca e "conversa fora" com algumas meninas que conseguem "escapar" de casa.
"Esse pessoal trouxe muita alegria para cá. As meninas estão muito agitadas, mas a gente tem de controlar, porque adolescente já viu...", declarou Nádia David dos Santos, mulher do administrador da vila.
(ANDRÉ LOZANO)




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