São Paulo, sexta, 27 de março de 1998

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MEGAINCÊNDIO 2
Avaliação foi entregue ontem a FHC; reunião avaliava qual tipo de ajuda internacional seria aceita
Foco central do fogo está fora de controle

WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília

O foco principal do incêndio que há dois meses atinge a floresta amazônica em Roraima está fora de controle, conforme avaliação apresentada ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso, durante reunião da Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Até o fechamento desta edição, a reunião prosseguia, no Palácio do Planalto. A câmara foi convocada pelo presidente para avaliar a extensão dos estragos causados pelo fogo, as possibilidades de ajuda internacional e a forma de coordenar as ações federais. A Folha apurou que a região central do Estado, a oeste da capital do Estado (Boa Vista), é a que mais preocupa neste momento -pela gravidade do fogo e pela proximidade com áreas urbanas e reservas ambientais e indígenas.
Por causa da baixa umidade, o fogo se espalha rapidamente por baixo da copa das árvores, o que torna nulo o trabalho de lançar água de aviões e helicópteros.
Duas batalhas
Em reuniões anteriores, o governo concluiu que o combate ao fogo estava sendo ineficaz.
Até anteontem, não havia um comando centralizado, que passou a ser feito pelo general-de-brigada Luiz Edmundo Maia de Carvalho, comandante da 1ª Brigada de Infantaria da Selva.
Os vários órgãos federais na operação de combate ao fogo em Roraima -Exército, Força Aérea, Ibama, Polícia Federal etc.- adotavam ações desencontradas e conflitantes.
O Planalto também concluiu, mais uma vez, que estava "perdendo a batalha da comunicação". Declarações como as do general Carvalho, anteontem, de que seria dispensável a ajuda internacional, tornaram ainda mais negativa a repercussão do incêndio no exterior, para o Itamaraty e o Planalto.
A estratégia agora é centralizar as informações numa única pessoa que agiria dentro de limites traçados pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência e pelo Itamaraty.
O governo estudava a hipótese de FHC viajar à região na próxima semana para acompanhar de perto o trabalho de combate ao fogo.
Ajuda internacional
A reunião de ontem avaliaria as várias formas de o governo receber a ajuda proposta pela ONU.
O governo iria manter a recusa em receber uma força multinacional que incluísse militares, conhecida informalmente como "capacetes verdes", mas aceitava o envio de técnicos e bombeiros e de equipamentos.
Até o início da tarde de ontem, o governo desconhecia ofertas de outros países para o trabalho de combate ao fogo. O único país que se propôs a ajudar -e está trabalhando- é a Argentina, que enviou bombeiros e helicópteros.


Participaram da reunião no Planalto: o presidente da República, os ministros do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Estado-Maior das Forças Armadas, da Justiça, da Casa Civil, da Casa Militar e do Meio Ambiente, os secretários de Assuntos Estratégicos, de Comunicação Social e de Políticas Regionais, o presidente do Ibama, representantes do Incra, do Ministério da Política Fundiária e do Departamento Nacional de Defesa Civil e o coordenador das ações de combate ao fogo, general Luiz Carvalho



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