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MEGAINCÊNDIO 2
Avaliação foi entregue ontem a FHC; reunião avaliava qual tipo de ajuda internacional seria aceita
Foco central do fogo está fora de controle
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O foco principal do incêndio que
há dois meses atinge a floresta
amazônica em Roraima está fora
de controle, conforme avaliação
apresentada ontem ao presidente
Fernando Henrique Cardoso, durante reunião da Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Até o fechamento desta edição, a
reunião prosseguia, no Palácio do
Planalto. A câmara foi convocada
pelo presidente para avaliar a extensão dos estragos causados pelo
fogo, as possibilidades de ajuda internacional e a forma de coordenar as ações federais.
A
Folha apurou que a região
central do Estado, a oeste da capital do Estado (Boa Vista), é a que
mais preocupa neste momento
-pela gravidade do fogo e pela
proximidade com áreas urbanas e
reservas ambientais e indígenas.
Por causa da baixa umidade, o
fogo se espalha rapidamente por
baixo da copa das árvores, o que
torna nulo o trabalho de lançar
água de aviões e helicópteros.
Duas batalhas
Em reuniões anteriores, o governo concluiu que o combate ao fogo estava sendo ineficaz.
Até anteontem, não havia um
comando centralizado, que passou a ser feito pelo general-de-brigada Luiz Edmundo Maia de Carvalho, comandante da 1ª Brigada
de Infantaria da Selva.
Os vários órgãos federais na operação de combate ao fogo em Roraima -Exército, Força Aérea,
Ibama, Polícia Federal etc.- adotavam ações desencontradas e
conflitantes.
O Planalto também concluiu,
mais uma vez, que estava "perdendo a batalha da comunicação".
Declarações como as do general
Carvalho, anteontem, de que seria
dispensável a ajuda internacional,
tornaram ainda mais negativa a
repercussão do incêndio no exterior, para o Itamaraty e o Planalto.
A estratégia agora é centralizar
as informações numa única pessoa que agiria dentro de limites
traçados pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência e pelo Itamaraty.
O governo estudava a hipótese
de FHC viajar à região na próxima
semana para acompanhar de perto
o trabalho de combate ao fogo.
Ajuda internacional
A reunião de ontem avaliaria as
várias formas de o governo receber a ajuda proposta pela ONU.
O governo iria manter a recusa
em receber uma força multinacional que incluísse militares, conhecida informalmente como "capacetes verdes", mas aceitava o envio de técnicos e bombeiros e de
equipamentos.
Até o início da tarde de ontem, o
governo desconhecia ofertas de
outros países para o trabalho de
combate ao fogo. O único país que
se propôs a ajudar -e está trabalhando- é a Argentina, que enviou bombeiros e helicópteros.
Participaram da reunião no Planalto: o presidente da República, os ministros do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Estado-Maior das Forças Armadas, da Justiça, da Casa Civil, da Casa
Militar e do Meio Ambiente, os secretários de
Assuntos Estratégicos, de Comunicação Social e
de Políticas Regionais, o presidente do Ibama,
representantes do Incra, do Ministério da Política Fundiária e do Departamento Nacional de
Defesa Civil e o coordenador das ações de combate ao fogo, general Luiz Carvalho
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