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Funai acusa Estado de tirar proveito do fogo
ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local
O advogado da Funai em Roraima, Wilson Précoma, acusa o governo de Roraima de haver aguardado que o incêndio se tornasse
uma catástrofe, sem tomar providências, para poder obter verbas
junto ao governo federal.
O governador Neudo Campos
nega, afirmando que alertou o governo federal sobre os riscos do
incêndio em janeiro, quando decretou estado de calamidade pública no Estado, devido à seca.
"Naquela ocasião já sabíamos que
havia o risco", disse Campos.
O governador diz, entretanto
que até o mês de fevereiro o fogo
em Roraima era apenas o de
"queimadas normais na agricultura". De acordo com ele, o incêndio
incontrolável começou apenas em
março.
"O governo ficou conscientemente imobilizado esperando que
a situação se tornasse uma catástrofe. O governador ocultou a gravidade da situação até certo ponto
e depois criou um fato político",
diz Précoma.
Desde o início do mês, Campos
tem pedido verbas para combater
o incêndio, ao governo federal.
No dia 9 de março, ele pediu R$
15 milhões, que afirmou julgar necessários para combater o fogo e
suas consequências.
Para o advogado da Funai, a situação já era grave desde fevereiro, quando deveriam ter sido tomadas providências, tais como o
pedido de ajuda federal.
A hipótese de demora proposital
do governo é investigada também
pelo Procurador da República em
Roraima, Ageu Florêncio da Silva.
"Tenho a suspeita de que as autoridades do Estado demoraram a
tomar providências por motivos
políticos", disse Silva.
O procurador pretende levantar,
por meio de depoimentos, a maneira como todos os órgãos administrativos federais e estaduais
agiram, com relação à questão.
Para Silva, os organismos foram
"negligentes na rapidez de pedir
ajuda para combater o incêndio".
Para a Funai em Roraima, além
do governador, fazendeiros também seriam responsáveis pelo
agravamento da situação.
"Eles estão usando o fogo para
afastar os índios de suas terras.
Depois de queimada a floresta,
vão transformar tudo em pastagens", disse Précoma.
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