São Paulo, sexta, 27 de março de 1998

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EDUCAÇÃO
Estudantes de 9 Estados acertaram em média um terço da prova de português; ministro quer investir na qualidade
Avaliação do MEC mostra 2º grau "sofrível"

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

Exame realizado em novembro de 97 mostrou um desempenho "sofrível" dos concluintes do 2º grau, na avaliação do ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Em língua portuguesa, os estudantes acertaram em média apenas um terço das questões da prova, e em matemática, menos que isso.
O MEC aplicou a prova a pedido das secretarias da Educação de nove Estados, com o objetivo de avaliar as escolas.
Participaram 429,7 mil concluintes do ensino médio do país (37% do toral), majoritariamente da rede pública, que estudam em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe.
Eles fizeram provas de português, matemática, física, química e biologia e responderam a um questionário socioeconômico e cultural. Foram 30 questões de cada disciplina.
Das 30 questões de língua portuguesa, a média de acerto dos alunos do turno diurno foi de 11,98, ou seja, 40% da prova.
No turno noturno, a média de acerto cai: 10,02, ou 33% da prova.
Em matemática o desempenho é ainda pior. Em média, os alunos que estudam durante o dia acertaram apenas 27% da prova (média de 8,06). Os que estudam à noite acertaram em média 26% das questões (7,78).
Segundo o Ministério da Educação, ainda não está pronta a análise de desempenho das demais disciplinas.
"Não há surpresa em relação ao desempenho, porque nós detectamos, por meio da pesquisa que fizemos no sistema de avaliação do ensino básico, que havia problema no 2º grau, que o 2º grau estava tendo um desempenho acadêmico sofrível, e é isso que esse exame mostra claramente", disse o ministro da Educação.

Sofrível

"Os alunos do 2º grau estão com uma formação sofrível. Nós estamos com acerto médio em português de cerca de um terço das perguntas, e em matemática, abaixo disso. Nós temos que investir muito mais nas questões que têm a ver com qualidade", afirmou Paulo Renato (leia texto nesta página).
Foram aplicadas três provas, que se diferenciaram pelo turno. Todos os concluintes dos nove Estados que estudam de manhã fizeram a mesma prova.
Os que estudam à tarde fizeram uma prova diferente da aplicada pela manhã, assim como os da noite.
As três provas eram equivalentes entre si.
O grau de dificuldade do exame, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), era médio.
Em português, havia uma questão difícil, 20 de dificuldade média e nove fáceis.
Em matemática, foram duas questões difíceis e 28 médias.

Dificuldades

"Em português, as dificuldades mais frequentes referiam-se a analisar a progressão temática e estratégia argumentativa dos textos propostos. Foi problemático também realizar "operações linguísticas envolvendo a forma e construção de sentido e estabelecer relações de intertextualidade entre dois enunciados", diz relatório sobre o exame.
Em matemática, "os conteúdos que ofereceram maior obstáculo aos alunos foram números complexos, aplicação dos princípios fundamentais de contagem em análise combinatória e probabilidade, distância entre dois pontos no plano, representação de circunferência no plano e relações trigonométricas".



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