São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Primeira etapa foi vencida, diz pai de João Hélio

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A família do menino João Hélio Fernandes Vieites, 6, morto brutalmente depois de ser arrastado por sete quilômetros preso a um cinto de segurança, no início de fevereiro, no Rio, comemorou a decisão da CCJ do Senado de reduzir a maioridade penal.
Cinco pessoas foram presas acusadas de envolvimento com o assassinato, entre eles um adolescente de 16 anos.
O crime reacendeu o debate sobre a redução da maioridade penal no Congresso e motivou a aprovação de uma série de projetos antiviolência no Legislativo.
"A gente vê como uma vitória, uma primeira etapa vencida. Desde o que aconteceu com nosso filho, a gente vem defendendo a redução da maioridade penal, mas apenas como um dos pontos necessários para diminuir a violência", afirmou ontem o pai do menino, Elson Lopes Vieites.
Cerca de duas semanas depois da morte do menino, a família de João Hélio começou a participar de manifestações contra a violência. Aline, 14, irmã do garoto, deu várias declarações a favor da redução da maioridade penal.
"Com a decisão da CCJ, os clamores da população foram ouvidos. A sociedade se sente recompensada", disse ele.

Ainda não é o suficiente
Já Ari Friedenbach, pai da estudante Liana, estuprada e morta em 2003 por um jovem de 16 anos, achou que a aprovação da proposta ontem pela CCJ do Senado ainda não é o suficiente.
"Sou favorável a que menores que cometem crimes hediondos, independentemente da idade, passem por uma perícia médica para se saber se têm consciência de seus atos. Se tiverem, devem ser emancipados e responderem pelo Código Penal, como os adultos."
Por isso, Friedenbach afirma que o projeto aprovado ontem não irá mudar a atual situação. "Amanhã, se um menor de 15 anos matar e estuprar, continuará impune. Essa mudança não vai dar em nada. Acho que não deveria ter uma idade mínima estabelecida para os crimes hediondos."
Quando sua filha foi morta, Friedenbach chegou a fazer uma campanha pela redução da maioridade penal, mas agora acha que o problema é mais complexo.
"Cheguei à conclusão de que é preciso analisar o crime, o menor e punir justamente."


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