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JASMINA WAQUIM BUCAR DE ARRUDA (1917-200 8)
A matriarca, seus leques e jóias de ouro
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o vestido sem decote
azul até os pés e jóias de ouro
adornando pescoço, orelhas
e braços, a "matriarca da família Bucar" tocava os negócios de casa. "Nem ao banheiro a senhora vai sem ouro pendurado", dizia o filho.
Ela respondia lacônica. "Não
se meta, pois uso essas jóias
quando e onde quiser."
Assim era a Jasmina Bucar, filha de um dos primeiros árabes a pisar em São
Luís, onde ela nasceu. Foi
morar em Floriano (PI), seguindo a indústria de sapatos
do pai. Chegou a fazer o curso para professora. Mas casou aos 17, com Arudá Bucar.
Foi dela a decisão de comprar o laboratório que faria
dos Bucar "uma das grandes
famílias do Piauí". Que ela
administrara sozinha, negócio e família, até 2007. "Só
quem falava alto era ela". E ai
dos 12 filhos, 29 netos e 48
bisnetos se a vissem sem pedir bênção. "Ela criou tudo
na palmatória, seis bolos na
mão." Mas esquecia quem
era quem e tinha que checar
na "relação", um papel com
os nomes da família, sempre
que queria ralhar.
Sempre com uma das mais
de 40 bolsas que guardava
em seu quarto -na casa da filha solteira com quem morava-, "onde chegava, abria a
bolsa e tirava um leque, dos
20 ou 30 que tinha."
No quarto tinha a rede do
falecido, onde volta e meia
dormia, e o altar coberto de
imagens -era devota de Santa Terezinha, frente à qual
passava tardes inteiras fazendo crochê, sem óculos.
Quando morreu de infarto
na quarta, aos 90, tinha cumprido a promessa. "Dizia que
nunca vestiria calça comprida enquanto vivesse".
obituario@folhasp.com.br
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