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URS BURGI (1926-2009)
O suíço que não queria ficar mas adotou o Brasil
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O filho Ricardo nunca conseguiu aprender os segredos
do jass, um jogo de cartas típico da Suíça, que seu pai,
Urs Burgi, costumava a jogar
nas rodinhas com os amigos.
Se a lógica do baralho era
indesvendável, com a língua
portuguesa foi diferente. Na
época do colégio, Ricardo podia esclarecer as dúvidas que
tinha com o pai, mesmo que
Urs fosse um legítimo suíço.
"Ele tinha sotaque, mas falava e escrevia bem [em português]", lembra o filho.
Filho de um pecuarista,
Urs decidiu vir ao país após a
morte do pai. A família costumava vender gado suíço para
o Brasil, mas, devido à guerra, os negócios foram interrompidos. Quando o conflito
terminou, seu irmão veio ao
Brasil restabelecer contatos.
Urs chegou pouco depois.
Sem intenção
"Ele [Urs] não tinha intenção de ficar", afirma Ricardo.
Mas acabou ficando -do início da década de 50 até morrer, na última quarta-feira,
aos 82 anos, devido a complicações respiratórias.
Com o tempo, apaixonou-se pelo país e aqui montou
uma empresa importadora
de produtos químicos. Nos
anos 80, aposentou-se.
Contador de boas histórias
e dono de uma fina ironia, como descreve o filho, Urs gostava de praticar tênis e de fazer caminhadas -especialmente se tivesse uma montanha no meio do caminho, para vencer suas subidas.
À Suíça, Urs voltava apenas para visitas. Em 1963, já
casado, foi apresentar a mulher à família, que aprovou
sua escolha. Com Lydia, teve
três filhos e cinco netos.
obituario@grupofolha.com.br
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