São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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URS BURGI (1926-2009)

O suíço que não queria ficar mas adotou o Brasil

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O filho Ricardo nunca conseguiu aprender os segredos do jass, um jogo de cartas típico da Suíça, que seu pai, Urs Burgi, costumava a jogar nas rodinhas com os amigos. Se a lógica do baralho era indesvendável, com a língua portuguesa foi diferente. Na época do colégio, Ricardo podia esclarecer as dúvidas que tinha com o pai, mesmo que Urs fosse um legítimo suíço. "Ele tinha sotaque, mas falava e escrevia bem [em português]", lembra o filho. Filho de um pecuarista, Urs decidiu vir ao país após a morte do pai. A família costumava vender gado suíço para o Brasil, mas, devido à guerra, os negócios foram interrompidos. Quando o conflito terminou, seu irmão veio ao Brasil restabelecer contatos. Urs chegou pouco depois.
Sem intenção
"Ele [Urs] não tinha intenção de ficar", afirma Ricardo. Mas acabou ficando -do início da década de 50 até morrer, na última quarta-feira, aos 82 anos, devido a complicações respiratórias. Com o tempo, apaixonou-se pelo país e aqui montou uma empresa importadora de produtos químicos. Nos anos 80, aposentou-se. Contador de boas histórias e dono de uma fina ironia, como descreve o filho, Urs gostava de praticar tênis e de fazer caminhadas -especialmente se tivesse uma montanha no meio do caminho, para vencer suas subidas. À Suíça, Urs voltava apenas para visitas. Em 1963, já casado, foi apresentar a mulher à família, que aprovou sua escolha. Com Lydia, teve três filhos e cinco netos.

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