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Movimentos sociais reivindicam espaço
DA SUCURSAL DO RIO
A demanda crescente por novas
vagas no ensino superior fez surgir, na década de 90, movimentos
sociais mais ativos na reivindicação de vagas para alunos carentes
em universidades públicas.
A face mais visível desses movimentos são os cursos pré-vestibulares comunitários, em que professores voluntários dão aulas
preparatórias para estudantes das
camadas carentes da população.
A Educafro, ONG (organização
não-governamental) que coordena cerca de 200 núcleos no Rio de
Janeiro e em São Paulo, com 14
mil alunos, surgiu a partir de uma
experiência de cursos iniciada em
1993 pela Pastoral do Negro da
Igreja Católica no Rio de Janeiro.
A pressão desses grupos não se
resume a preparar melhor os carentes. Nos últimos três anos,
uma estratégia muito usada foi
entrar na Justiça contra universidades públicas e Ministério da
Educação para exigir isenção de
taxa para alunos pobres nos vestibulares e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Os grupos também costumam
chamar a atenção da imprensa
com protestos, como o feito em
2001 na porta da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), quando um estudante negro
simulou, por horas, estar preso a
uma cruz. O objetivo era defender
cotas para negros e estudantes da
rede pública na universidade.
Na mesma linha de protestos do
Educafro, nasceu no ano passado
o MSU (Movimento dos Sem-Universidade). Além de chamar a
atenção da imprensa, o grupo focaliza sua pressão na luta pela
criação de uma universidade pública no Carandiru, em São Paulo,
quando o presídio for desativado.
O MSU conseguiu que o vereador Beto Custódio (PT), de São
Paulo, apresentasse um projeto, já
aprovado na Câmara, de criação
de uma Universidade Popular do
Município. "Não adianta criar outra USP (Universidade de São
Paulo), porque nós vamos continuar fora dela. Queremos uma
nova universidade pública com
vocação social e acesso garantido
aos estudantes de baixa renda",
diz Sérgio José Custódio, um dos
coordenadores do MSU.
O movimento, inspirado no
MST, costuma comparar em seus
documentos a estrutura do ensino superior brasileiro à estrutura
agrária, dizendo haver no Brasil
dois latifúndios. Um é "o do ensino superior público, com poucas
vagas e uma cerca de arame farpado do vestibular, e o outro é o do
ensino privado, com muita oferta,
mas com uma cerca de arame farpado de suas mensalidades".
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