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Especialistas sugerem paliativos
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas entrevistados pela
Folha afirmam que o aprofundamento da calha do rio Tietê e a
construção de piscinões em seus
afluentes são importantes para
evitar novas inundações nas marginais. Dizem ser difícil resolver
totalmente o problema, mas
apontam como soluções paliativas obras que poderiam aliviar a
situação nos próximos anos.
Para Kokei Uehara, engenheiro
especialista em hidráulica e professor aposentado da USP, grandes estabelecimentos comerciais,
como shoppings e estacionamentos, deveriam utilizar pisos porosos. "Absorveriam a água da chuva e retardariam sua chegada aos
córregos que abastecem o Tietê."
Ele também defende a colocação de bombas de sucção junto às
pontes das marginais, o que agilizaria o escoamento da água represada nas pistas nos dias em que o
rio transborda. Hoje, só uma ponte conta com o equipamento.
O consultor em hidráulica Roberto Massaru Watanabe defende
a retificação dos afluentes do Tietê. "Hoje, eles deságuam de forma
perpendicular ao rio principal, o
que reduz a velocidade do Tietê e
facilita inundações. Se estivessem
mais inclinados, haveria um ganho no escoamento. Hoje, parece
um lago de água empossada."
Segundo ele, esse é um dos principais problemas que concorrem
para as inundações no Tietê: sua
pequena inclinação -e, conseqüentemente, reduzida velocidade de circulação. "Aumentar a calha pode ser um erro, pois a velocidade tende a cair ainda mais. É
como uma mangueira de água. Se
apertar o bico [reduzir a área de
circulação], a pressão e a velocidade aumentam. Do contrário,
diminui", explica Watanabe.
Ciente dos custos altíssimos para implantar sua proposta, Alexandre Delijaicov, urbanista e
professor da USP, sugere uma
mudança mais radical: o recuo
das marginais para áreas mais
distantes do leito dos rios. Assim,
o Tietê voltaria a ocupar sua várzea natural em épocas de cheia.
"As inundações são um problema da invasão urbana descontrolada, pois optou-se por um modelo rodoviário de transporte, voltado exclusivamente para resolver a
dificuldade de circulação dos veículos. Invadimos o leito que o rio
ocupa nas cheias." (FS e AI)
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