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Melhor escola estadual no Enem está na 913ª posição
Nenhum colégio estadual não-técnico de SP alcançou a média da rede privada
A escola Professor Angelo Martino, em Ibitinga, está atrás de 849 particulares, 62 técnicas públicas e da Escola de Aplicação da USP
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na lista das 4.830 escolas de
São Paulo avaliadas pelo Enem
(Exame Nacional do Ensino
Médio) no ano passado, a melhor da rede estadual regular
-ou seja, não-técnica- não
passa da 913ª posição.
A escola mais bem colocada
ligada à Secretaria de Educação
é a Professor Angelo Martino,
em Ibitinga (347 km de SP),
que está atrás de 849 particulares, 62 técnicas públicas (57 estaduais, 3 federais e 2 municipais) e da Escola de Aplicação
da Faculdade de Educação, ligada à USP e que figura na modesta 824ª colocação.
A Folha teve acesso a uma
planilha com as notas e a colocação de cada escola de São
Paulo no Enem. Os colégios estaduais correspondem a 71%
do universo avaliado. Dezenove pontos, numa escala de 0 a
100, separam o melhor particular no exame, o Vértice (81,67),
da Angelo Martino (62,46) -a
Escola de Aplicação da USP teve 63,4.
A diferença entre ela e a pior
estadual -a Shiguetoshi Yoshihara, em Presidente Epitácio
(655 km de SP)- é de quase um
terço da prova, ou 28 pontos.
Foi considerada a média da
redação e das questões de múltipla escolha, com a aplicação
de um fator de correção -fórmula matemática para evitar
que escolas com menor número de alunos que fizeram Enem
tenham a nota distorcida.
Os resultados das escolas
paulistas no exame mostram
ainda, mais uma vez, o abismo
entre a rede pública e a particular. Nenhum colégio estadual
regular alcançou a média da rede privada (64,1) e 71% tiveram
média no exame menor do que
50% -entre os particulares, o
índice foi de 0,6%.
Mesmo na rede pública, o desempenho é desigual. Metade
das escolas do Estado não alcançou a média nacional da rede pública, de 48,081 pontos.
Na avaliação do presidente
do Inep (instituto de pesquisa
ligado ao Ministério da Educação), Reynaldo Fernandes, o
Enem não avalia a qualidade da
escola, mas o desempenho dos
alunos, que, disse ele, depende
também do contexto socioeconômico. "Se você pegar a melhor escola privada e colocar os
alunos da periferia, o desempenho será diferente. A comparação deve ser feita entre escolas
com público semelhante."
Para Jorge Werthein, diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, um dos fatores para o mau desempenho é o aumento do número de matrículas no Estado na última década,
que levou à escola parcela da
população que estava fora.
Para Carlos Ramiro, presidente da Apeoesp (sindicato
dos professores estaduais), não
se pode ver os resultados como
um "embate" entre a rede pública e a particular. Ele cita como prova o bom desempenho
obtido pelos colégios técnicos.
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