São Paulo, quarta-feira, 27 de maio de 2009

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Aos 101, Niemeyer conclui dois novos projetos e lança livro

Propostas são de uma torre de 60 m em Niterói e de um prédio que abrigará uma biblioteca árabe/sul-americana na Argélia

Ainda não há prazo para o início das duas obras; hoje, no Rio, arquiteto lança o livro ilustrado "Oscar Niemeyer 1999-2009" e uma revista


Rafael Andrade/Folha Imagem
Oscar Niemeyer no seu escritório, em Copacabana; ele lança livro hoje com síntese de sua obra

SERGIO TORRES
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

O arquiteto Oscar Niemeyer, 101, concluiu dois novos projetos imponentes -uma torre de 60 metros em Niterói (a 15 km do Rio) e o prédio que abrigará em Argel (Argélia) uma biblioteca árabe/sul-americana.
Ele lança hoje no Rio o livro ilustrado "Oscar Niemeyer 1999-2009", síntese de sua obra nos dez últimos anos, e o quarto volume de "Nosso Caminho", revista trimestral que edita com a mulher, Vera Lúcia.
Com 60 m de altura, avistada a quilômetros quando pronta, a torre em forma de cogumelo foi projetada para ficar a dez passos da baía de Guanabara -e é rara no portfólio do mais consagrado arquiteto brasileiro.
A Prefeitura de Niterói espera obter os R$ 19 milhões para a obra -ou ao menos parte deles- junto à iniciativa privada.
Ao projetar a torre, Niemeyer procurava algo para suprir o veto da Igreja Católica, em 2004, à catedral que desenhara para Niterói -projeto do qual se orgulhava; reputava-o como um de seus melhores em décadas de trabalho. Da mesma forma, também não seria erguida a catedral evangélica.
Quase lado a lado, as catedrais seriam destaques do Caminho Niemeyer, prédios do arquiteto ao longo da orla.
O primeiro deles, na década passada, foi o MAC (Museu de Arte Contemporânea), grande atração turística brasileira. Também estão prontas uma estação hidroviária, a praça JK, o Teatro Popular (em reforma) e um memorial. Os museus Oscar Niemeyer e do Cinema já têm os prédios erguidos.
"O tal Caminho Niemeyer vinha muito devagar, não havia dinheiro. De modo que, o tempo correndo assim lentamente, a gente vai tendo ideia. O projeto vai se modificando. A torre foi uma coisa que me ocorreu. Estava no meio da baía, lembrei da torre", disse ele à Folha ontem no escritório de Copacabana (zona sul do Rio).
Para acompanhar as obras que estão em andamento, o arquiteto vai toda quarta a Niterói. Também projetou para o local um centro de convenções e uma nova estação de barcas.
"Estou me dedicando muito a essa obra em Niterói. Acho que vai ficar muito bom. O momento não dá ideia. Os prédios estão dentro da praça. No dia em que tivermos a praça completa, os prédios aparecem. Acho que essa obra em Niterói vai ser uma surpresa."
Já o convite para construir a biblioteca na capital da Argélia veio no início do ano. Na década de 1970, Niemeyer projetou lá uma universidade e uma mesquita.
A construção será uma das principais sedes do projeto BibliAspa (Biblioteca América do Sul-Países Árabes), aprovado em 2005, com o objetivo de criar uma rede de centros de divulgação e pesquisa. Ainda não há previsão de construção, conclusão ou custos.
No Brasil, o projeto é dirigido por Paulo Daniel Farah, professor da USP. Tem um portal bilíngue na internet (www.bibliaspa.com.br).
Além da divulgação de textos literários e acadêmicos sul-americanos, árabes e africanos, a BibliAspa Brasil promove cursos e pesquisas sobre temas pertinentes às regiões.


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