São Paulo, terça, 27 de maio de 1997.



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Bolivianos provocaram briga, diz pai

da agência Folha, em Campo Grande

da Sucursal de Brasília

O comerciante Mauro Nunes de Moraes, 46, disse ontem que seu filho, o universitário Mauro Salas de Moraes, 19, sofreu "agressões verbais e físicas" antes de espancar o engraxate Ramiro Vidal, 16, no último dia 19, na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra.
Segundo Nunes, o caso foi apenas uma "briga de rua", mas a TV boliviana teria registrado apenas a parte final, quando o engraxate foi esmurrado e chutado no chão por seu filho Mauro. As cenas, transmitidas durante toda a semana pela TV, geraram protestos contra os estudantes brasileiros.
Mauro Salas de Moraes cursa o segundo ano de Medicina na Universidade Católica Boliviana e mora há um ano e seis meses numa república de universitários no centro de Santa Cruz.
Sua mãe, Melvy Josefa Salas, é boliviana, e seu pai, o brasileiro Mauro Nunes, é dono de uma agência de reembarque de mercadorias em Corumbá (MS), na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Nunes encontrou-se no domingo com o filho, preso desde o dia da agressão no prédio da Polícia Técnica Judicial (PTJ) de Santa Cruz. O pai disse que ele deve ser liberado "hoje ou amanhã" pelo juiz que cuida do caso para responder ao processo em liberdade.
O comerciante afirmou que o laudo da perícia médica apontou apenas escoriações leves no engraxate. Ele encontrou-se com o tutor do rapaz e comprometeu-se a pagar as despesas médicas.
Segundo o relato de Mauro a seu pai, um grupo de bolivianos o teria "insultado" e a dois colegas de universidade.
Os três, como estavam em menor número, teriam chamado outros estudantes brasileiros, dando início à briga.
O comerciante disse que não houve motivo para os insultos. "Há uma rixa entre alguns grupos de adolescentes bolivianos e os universitários brasileiros."
Mauro Salas de Moraes escolheu estudar na Bolívia principalmente por causa do baixo custo, segundo seu pai. A mensalidade na Universidade Católica é US$ 900 por semestre. Os gastos mensais com comida, aluguel, água e roupa lavada não passam de US$ 200 mensais.
Segundo o Itamaraty, o incidente envolvendo o estudante brasileiror foi um fato isolado.
A assessoria de imprensa do ministério informou que não há necessidade de uma manifestação oficial do órgão, pois o caso "não deverá abalar os laços de amizade entre os dois países".
O cônsul-geral do Brasil em Santa Cruz de la Sierra, Sérgio Cavalcanti, já está em contato com o advogado do estudante e à disposição para qualquer necessidade do brasileiro, segundo o Itamaraty.



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