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DIA DE FÚRIA
Segundo testemunha, comerciante que matou pelo menos 14 no RN pretendia ver notícias sobre seus crimes na TV
Matador queria ser comparado a Rambo
FÁBIO GUIBU
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Macaíba (RN)
O comerciante Genildo Ferreira
de França, 27, desejava que os assassinatos que cometeu fossem
comparados às matanças promovidas pelo personagem Rambo,
nos filmes interpretados pelo ator
Sylvester Stallone.
Na semana passada, França matou pelo menos 14 pessoas em 22
horas, no distrito de Santo Antonio do Potengi, em São Gonçalo do
Amarante (RN). Segundo a garota
V.R.S., 16, que presenciou os crimes, havia três meses o comerciante dizia que, quando fosse se
vingar dos que julgava seus inimigos, agiria "como o Rambo".
"Ele matava e perguntava se eu
não estava me sentindo como se
estivesse num daqueles filmes de
luta que passavam na TV."
O ceramista Francisco de Assis
Ramos dos Santos, acusado de
ajudar França em pelo menos cinco homicídios, afirmou que, além
de fã de Rambo, o comerciante assistia a todos os filmes do ator
Jean-Claude Van Damme.
No dia do crime, França saiu de
casa com botas de cano longo, bermuda, colete com estampa de camuflagem e boné. No peito, carregava uma faca de caça e cartucheiras. Em uma bolsa de náilon, levava a pistola 7,65mm e o revólver
calibre 38, com silenciador.
Segundo V.R.S., o comerciante
-assim como o personagem de
Stallone- cruzava os braços antes
de atirar e exibia o revólver e a pistola, erguendo-os na altura dos
ombros. V.R.S. disse que França
comentou como seria a repercussão dos crimes na imprensa. "Ele
dizia: 'Nós vamos ser famosos, vamos aparecer no país todo."'
Na manhã de quinta, após matar
sua última vítima, disse a garota, o
comerciante queria fugir para o
distrito de Coqueiros, onde pretendia chegar a tempo de assistir à
repercussão dos crimes no noticiário da TV. Antes de chegar ao distrito, o comerciante foi cercado
pela polícia num matagal e morto.
"O sonho dele era ser entrevistado pelo J. Gomes, no programa
'Patrulha Policial' (exibido pela
TV Ponta Negra, retransmissora
do SBT) para dizer que não era
boiola (homossexual)", disse
V.R.S.. Segundo ela, o comerciante
não a matou porque a escolheu para testemunhar as mortes e depois
contar como tudo aconteceu.
"Foi por isso que ele mandou
que eu escrevesse aquela carta que
ficou em cima do corpo da mulher
dele, a Mônica", afirmou.
Na carta, França pede ao repórter J. Gomes -Josimar Gomes da
Silva- que "divulgue para o público" seu "conselho" de "não levantar falsos do seu próximo".
Gomes da Silva estava de férias
quando aconteceram os crimes.
Ele interrompeu suas férias na
quinta para ler a carta de França.
"Fiquei envaidecido. Eu o teria
entrevistado com o maior prazer."
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