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Polícia espera
contradição
de segurança
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
A polícia gaúcha disse ontem
considerar provável que o depoimento do segurança Vainer Severo, 31, que matou com um tiro o
comerciário Ricardo Bueno, 21,
durante o show do grupo australiano Midnight Oil, em Porto Alegre, apresente contradições ao ser
confrontado com a reconstituição
do crime, nesta semana.
Severo confessou à polícia ter
matado Bueno. Ele não quis falar
com a imprensa.
O segurança disse para a polícia
que, antes dar o tiro, brigou com a
vítima e pegou a arma porque precisou se defender de Bueno, de seu
irmão, Marcelo Bueno, 22, e do
amigo Alexandre Martins, 22.
O acusado disse que disparou o
tiro involuntariamente, ao empurrar a vítima.
O investigador Osvaldo Gutierres, da 14ª Delegacia de Polícia,
afirmou que a reconstituição deverá mostrar a impossibilidade de,
ao empurrar, o vigia ter acertado o
tiro na nuca da vítima. Também,
segundo o policial, há uma contradição quando Severo diz ter brigado com um -porque os outros
dois teriam fugido-, mas usado a
arma porque enfrentava três.
O segurança só confessou o crime depois de ter sido identificado
por todas as testemunhas, às 19h
de sábado. Ele está solto porque
não houve flagrante.
Os três jovens pularam o muro
que separa um condomínio da sede campestre do Sesc (Serviço Social do Comércio) para assistir ao
show de graça, depois de terem
visto o jogo entre Grêmio e Flamengo em casa, pela TV.
Quando já se aproximavam do
local onde estava ocorrendo o
show, foram abordados por Severo. Marcelo Bueno disse que não
houve reação às ordens dele.
Ricardo Bueno chegou a ser socorrido por funcionários do Sesc.
Marcelo alegou que eles não pagaram o ingresso de R$ 15 porque só
receberiam salário no dia 5.
O advogado da produtora responsável pela apresentação do
grupo australiano, Augusto Lopes,
disse que a empresa não vai se pronunciar antes de a 14ª Delegacia de
Polícia Civil concluir as investigações sobre o caso.
Segundo ele, os 200 seguranças
que trabalhavam no show, contratados por quatro empresas -entre elas a Vigilância Pedroso-,
não deviam estar armados.
Vainer Severo era torneiro mecânico até começar a trabalhar como segurança, há um mês. Antes,
fez treinamentos por três semanas.
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