São Paulo, terça, 27 de maio de 1997.



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Polícia espera contradição de segurança

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

A polícia gaúcha disse ontem considerar provável que o depoimento do segurança Vainer Severo, 31, que matou com um tiro o comerciário Ricardo Bueno, 21, durante o show do grupo australiano Midnight Oil, em Porto Alegre, apresente contradições ao ser confrontado com a reconstituição do crime, nesta semana.
Severo confessou à polícia ter matado Bueno. Ele não quis falar com a imprensa.
O segurança disse para a polícia que, antes dar o tiro, brigou com a vítima e pegou a arma porque precisou se defender de Bueno, de seu irmão, Marcelo Bueno, 22, e do amigo Alexandre Martins, 22.
O acusado disse que disparou o tiro involuntariamente, ao empurrar a vítima.
O investigador Osvaldo Gutierres, da 14ª Delegacia de Polícia, afirmou que a reconstituição deverá mostrar a impossibilidade de, ao empurrar, o vigia ter acertado o tiro na nuca da vítima. Também, segundo o policial, há uma contradição quando Severo diz ter brigado com um -porque os outros dois teriam fugido-, mas usado a arma porque enfrentava três.
O segurança só confessou o crime depois de ter sido identificado por todas as testemunhas, às 19h de sábado. Ele está solto porque não houve flagrante.
Os três jovens pularam o muro que separa um condomínio da sede campestre do Sesc (Serviço Social do Comércio) para assistir ao show de graça, depois de terem visto o jogo entre Grêmio e Flamengo em casa, pela TV.
Quando já se aproximavam do local onde estava ocorrendo o show, foram abordados por Severo. Marcelo Bueno disse que não houve reação às ordens dele.
Ricardo Bueno chegou a ser socorrido por funcionários do Sesc. Marcelo alegou que eles não pagaram o ingresso de R$ 15 porque só receberiam salário no dia 5.
O advogado da produtora responsável pela apresentação do grupo australiano, Augusto Lopes, disse que a empresa não vai se pronunciar antes de a 14ª Delegacia de Polícia Civil concluir as investigações sobre o caso.
Segundo ele, os 200 seguranças que trabalhavam no show, contratados por quatro empresas -entre elas a Vigilância Pedroso-, não deviam estar armados.
Vainer Severo era torneiro mecânico até começar a trabalhar como segurança, há um mês. Antes, fez treinamentos por três semanas.



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