São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2001

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SAÚDE

Atendimento passou de 10 para 35 casos por dia no Hospital São Paulo; doença tem maiores surtos no inverno e no verão

Crescem casos de conjuntivite viral em SP

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois principais serviços de oftalmologia públicos da capital paulista registraram nas últimas semanas um aumento dos casos de conjuntivite causada por adenovírus, agente infeccioso (no país desde 1945), que periodicamente causa surtos da doença.
A conjuntivite não é uma doença de notificação compulsória e, por isso, não há registro oficial do Centro de Vigilância Epidemiológica sobre o aumento de casos.
"Sem dúvida existe um grande surto", afirmou o professor-titular de Oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Rubens Belfort. De acordo com ele, nas últimas três semanas aumentou em duas vezes e meia o número de casos na clínica oftalmológica do Hospital São Paulo, ligado à universidade. O serviço, que recebia antes do surto uma média de 10 casos por dia, passou a receber até 35, disse Belfort.
Segundo o professor-titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP e responsável pela clínica de oftalmologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, Nilton Kara José, no último mês, o serviço, que atendia 10 casos por dia, passou a atender até 14. "Esse tipo de vírus, assim como o da gripe, não dá imunidade e tem vários subtipos", afirmou.
Segundo Kara José, o adenovírus é muito resistente. "Ele pode ficar embaixo da unha por até duas semanas."
O contágio por contato pessoal é comum. Deve-se evitar beijo, abraço e aperto de mão em quem está com a doença. Até o uso do mesmo teclado do computador pode facilitar a contaminação.
Os surtos costumam ocorrer no inverno -em razão das grandes aglomerações em locais fechados- e no verão -devido ao contato entre muitas pessoas em piscinas, por exemplo. As crianças são as mais suscetíveis.
O vírus, quando ataca, causa inflamação e infecção da conjuntiva, membrana que recobre o globo ocular (a parte branca do olho) e forra as pálpebras. O adenovírus pode também atacar a córnea.
A conjuntivite por adenovírus tem características específicas, como pouca secreção e pequenas placas de hemorragia. O paciente lacrimeja bastante, tem coceira, sensação de "areia" nos olhos e fotofobia (intolerância à luz). Os problemas, em geral, duram no máximo duas semanas.
Mas, se o paciente tomar remédios para a conjuntivite causada por bactérias quando ela for viral, pode irritar ainda mais os olhos. Nesse caso, o tratamento é apenas sintomático, até que a inflamação diminua. "O remédio mais moderno ainda é a compressa de água fria", disse Belfort.


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